Filme do Dia: Gimme Danger (2016), Jim Jarmusch

 


Gimme Danger (EUA, 2016). Direção e Rot. Original: Jim Jarmusch. Montagem: Affonso Gonçalves & Adam Kurnitz.

Documentário que traça a “genealogia” na mítica banda The Stooges, considerada como a maior influência das bandas punks que vieram após, sobretudo de sua figura icônica, Iggy Pop. A partir de material de arquivos farto e uma ainda mais generosa metragem de entrevistas – sobretudo com Pop – em que se abusa de material colhido em uma mesma sessão de entrevistas – Jarmusch realiza um documentário em padrão bem convencional. Por sorte, Iggy Pop é uma figura articulada e que exala certo carisma. Por azar, essa narrativa em retrospecto sempre tende a amortizar o passado, sobretudo os percalços. Teria sido interessante se observar os bastidores de uma turnê dos Stooges em um formato documental antípoda do padrão aqui em questão, o do Cinema Direto, capturando todas as tensões de se estar vivo, independente do bom ou mau momento de fama. Observa-se a conquista gradual do garoto de Detroit, de Nova York, no final dos anos 60, da Califórnia, com uma banda que fazia menção aos Três Patetas (que surgem em um clipe ao som dos Stooges), de Londres, através de convite de Bowie no auge do glam rock, os poucos álbuns da banda até sua dissolução pela dispersão e drogas (felizmente é um assunto que Pop trata de forma incisiva e objetiva, lembrando o período em que ia diariamente tomar metadona líquida para se livrar do vício em heroína). E, pouco depois do período britânico, seu desentendimento com o produtor que os havia chamado ao país, que queria Pop em uma montagem na Broadway de Peter Pan, quando ele tinha planos para viver no cinema o papel de Charles Manson.  Pop não deixa de comentar, com maldade, sarcasmo ou simplesmente deleite, sobre o estilo musical de cantar que ele considerava típico (e abomina) de Marrakesh Express, sobre Nico ter afirmado que ele era muito mais talentos que Lou Reed ou de Andy Warhol sugerir que eles deviam simplesmente ler os jornais quando cantassem. Seu estilo de composição de letras sintéticas, longe de qualquer pretensão de sofisticação e a ocupação  de todos os espaços da música pelo canto também podem ser consideradas influentes sobre a música punk. O orgulho de sua origem, Detroit, assoma em vários momentos, inclusive quando se sentem tentados em fazerem hits em Londres. O som visceral que emerge dos Stooges Pop credita igualmente sua origem de uma cidade industrial como Detroit. Embora faça uso ocasional de animação para ilustrar algumas narrativas de Pop, esse recurso subitamente é esquecido. Em vários momentos, trechos de filmes surgem (como é o caso de Velvet Goldmine, que faz uso parcial de Pop na elaboração de seu protagonista)  ou cartazes dos mesmos podem ser observados ao fundo de fotografias vinculadas ao grupo. 80 minutos.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng