Filme do Dia: The Butterfly (1972), Andrei Khrzhanovskiy
The Butterfly (Babochka, URSS, 1972). Direção: Andrei Khrzhanovskiy. Rot. Original: Roza Khusnutdinova. Montagem: Marina Trusova.
Encantado por uma
borboleta que surge na janela de seu apartamento, o garoto passa a persegui-la
até confina-la em um vidro, mesmo destino a que se somará várias outras. Após
sonhar com uma borboleta gigante usando dos mesmos artíficios para com ele, o
garoto resolve libertar as borboletas. Elas em sinal de agradecimento
massivamente cobrem seu corpo.
Ainda que a
quantidade de efeitos expressivos que Khrzhanovskiy consiga nesse curta de
animação chegue a ser não menos que espantosa, alguns deles flertando com
técnicas do cinema experimental como a foto fixa, multiplicação da mesma
imagem, o abstracionismo e certa
psicodelia, assim como a emulação de transições do rosto do garoto em linha de
“continuidade descontínua” seu resultado final é sensivelmente prejudicado por
sua explícita filiação a um “filme de mensagem”, no sentido mais abstrato e
desinteressante possível, que é a da valorização da natureza, e de uma natureza
livre e não domesticada a serviço da mesma estreiteza que leva o garoto a
aparentemente produzir (ou ao menos consumir) diversas engenhocas mecânicas. Há
uma condescendência não menos que demasiada com o próprio elemento humano,
sendo a natureza completamente a reboque dessa – é a borboleta que surge como
um indicativo para que ele saia de seu mundinho pré-fabricado e tome noção do
mundo mais amplo, assim como – e ainda pior – são as borboletas que o cobrem em
uma visão completamente autocentrada, ainda quando dialogando com um público
pretensamente infantil, e não possibilitando que as mesmas sejam uma alteridade
de fato enquanto excluídas do mundo simbólico humano. Soma-se a isso o esperado
momento catártico da libertação. Não faz uso de nenhum diálogo, sendo a banda
sonora dominada por ruídos e uma enfática trilha musical. Soyouzmultfilm. 9
minutos e 48 segundos.
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