Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#129: Eduardo Escorel
ESCOREL, EDUARDO (1945). Talvez o melhor montador da história do cinema brasileiro, Eduardo Escorel foi também um importante documentarista, e dirigiu uns poucos e notáveis filmes de ficção, incluindo Lição de Amor (1975). Sua inspiração para trabalhar com cinema veio da observação, enquanto estudante, do documentarista sueco Arne Suckesdörff, quando este ministrava um curso de cinema no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962/63. Escorel começou a trabalhar como montador em 1964 e em 1965 foi assistente de Joaquim Pedro de Andrade em seu primeiro filme de ficção, O Padre e a Moça. Em 1966, Escorel co-dirigiu seu primeiro documentário, Bethânia Bem de Perto.
Tanto de Andrade quanto Gláuber Rocha, para quem trabalhou primeiro como montador de Terra em Transe, em 1966, foram destacados realizadores modernistas, o que certamente poderia suscitar o argumento de Escorel ter sido uma figura-chave em forjar em um estilo narrativo dialético sua contribuição como montador para filmes-chaves como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), Macanuaíma (de Andrade, 1969), Der Leone Have Sept Cabeças (Rocha, 1970), Os Inconfidentes (de Andrade, 1972), e Guerra Conjugal (de Andrade, 1975). Macunaíma foi um romance modernista do escritor "tropicalista" Mário de Andrade, e Escorel também co-roteirizou o roteiro irônico e alegórico brechtiano de Os Inconfidentes, com Joaquim Pedro de Andrade. Então, é de alguma maneira surpreendente que tenha adotado uma abordagem linear para escrever e dirigir seu primeiro longa, Lição de Amor, baseado no romance Amar, Verbo Intransitivo, escrito por Mário de Andrade (em 1924) (Ver "Lição de Amor", de Randal Johnson, em Brazilian Cinema [1982, pp. 208-15).
Escorel também montou os longas ficcionais para Carlos Diegues - Os Herdeiros (1969) e Joana Francesa (1974) - Gustavo Dahl - O Bravo Guerreiro (1969) - e Leon Hirzsman - São Bernardo (1973), baseado em um romance (1934), de Graciliano Ramos - todos eles contendo algum nível de estruturas narrativas experimentais, e dirigiu três documentários nos primórdios dos anos 70. Dirigiu um dos episódios do filme Contos Eróticos, em 1979, e escreveu e dirigiu seu segundo longa ficcional, Ato de Violência, em 1979-80. Ele voltou a editar filmes desafiadores, notavalmente para Hirzsman (Eles Não Usam Black-Tie, 1981) e Eduardo Coutinho (Cabra Marcado para Morrer, 1984), e desde então dirigiu outro longa ficcional, O Cavalinho Azul (1984), e dois longas documentais, enquanto trabalhava consistentemente enquanto montador. Ganhou diversos prêmios para Melhor Montagem no Festival de Cinema de Gramado em 2000 (O Chamado de Deus), em 2002 (Dois Perdidos numa Noite Suja), e o Grande Prêmio do Cinema Brasil para Melhor Montagem - Documentário em 2008, para Santiago (2007),
Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South America Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 233-34.

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