O Dicionário Biográfico de Cinema#69: Jack L. Warner

 


Jack L. Warner (1898-1978) n. London, Ontario

É um desafio à compreensão que ninguém tenha feito um filme sobre os Warners. Havia quatro deles, os filhos de Ben, um sapateiro de Kraznashiltz, na Polônia: Harry (1881-1958), na realidade nascido na Polônia; Albert (1884-1967), nascido em Baltimore; Sam (1888-1927), também de Baltimore, e Jack, o caçula. Fizeram de tudo. Em 1923, podiam reinvindicar experiência com sapatos, açougue, mercadorias em geral, sorvetes, feiras, sopas, bicicletas e até mesmo filmes. Jack excursionara como soprano. Administraram um teatro em Newcastle, na Pensilvânia; trabalharam com exibição e distribuição de filmes; e Jack se envolveu com produção. A Warner Brothers se estabeleceu em 1923: soa como uma virada, mas evidentemente foi mais um malabarismo em uma série. 

Não faziam grande coisa, com um estúdio sobre a colina, em Burbank, Jack à cargo da produção, Albert como tesoureiro, Harry o homem de negócios e Sam mexendo com som. Eles demonstraram a que vieram em 1927, no uso pioneiro dos filmes falados: a bem da verdade, estavam mais interessados em música que diálogos sincronizados, e esse sistema foi o que utilizava discos, não o som na película. Mas a sequencia de Don Juan (26) e The Jazz Singer [O Cantor de Jazz] (27), mudaram os negócios. Sam morreu no esforço para fazer o som funcionar, mas os três irmãos remanescentes, trabalharam em um negócio exigente e enxuto, com Jack em Burbank, e Harry e Albert em Nova York. Por anos, os Warners realizaram filmes pequenos, com incomum afinco e realismo.

Jack foi astuto ao contratar dois executivos excepcionais: Darryl Zanuck (1929-33) e Hal Wallis (1933-44). Apesar de tudo, merece um tanto de crédito pelos talentos que contratou, pelos gêneros que ajudou a promover e por aquela série de filmes. Busque na era de Zanuck ou Wallis, se quiser; o estilo dos "Warners" é duro, filmes de gangster e cínicos musicais, filmes de aventura, de época, rotineiramente em preto & branco, e com suave tom político. E é Cagney, Robinson, Bogart, Raft, Paul Muni, Errol Flynn, Bette Davis e Olivia De Havilland. E é Michael Curtiz, Raoul Walsh, Howard Hawks e Busby Berkeley. E é 42nd Street [Rua 42], Gold Diggers of 1933 [Cavadoras de Ouro], Captain Blood [O Capitão Blood], The Life of Emile Zola [A Vida de Emile Zola], The Advemtures of Robin Hood [As Aventuras de Robin Hood], Jezebel, The Roaring Twenties [Heróis Esquecidos], The Private Lifes of Elizabeth and Essex [Meu Reino Por um Amor], Juarez, The Letter [A Carta], Sargeant York [Sargento York], High Sierra [Seu Último Refugio], The Strawberry Blonde [Uma Loira com Açucar], The Maltese Falcon [Relíquia Macabra], Gentleman Jim [O Ídolo do Público], Yankee Doodle Dandy [A Canção da Vitória] e Casablanca

Warner alegou rivalidade para finalizar a relação com Hal Wallis. E, de 1945 a 1967, esteve pessoalmente a cargo da produção, embora com uma série de assistentes. Estes foram anos difíceis para os negócios, no entanto os Warners permaneceram vivos. Resgataram Joan Crawford com Mildred Pierce [Alma em Suplício]; Deixaram Hawks realizar To Have and to Have Not [Uma Aventura na Martinica] e The Big Sleep [À Beira do Abismo]; desenvolveram o musical de Doris Day; mantiveram a reputação da aventura romântica (com The Flame and the Arrow/O Gavião e a Flecha e Captain Horatio Hornblower/O Falcão dos Mares]; fizeram White Heat [Fúria Sanguinária] e The Fountainhead [Vontade Indômita], A Star is Born [Nasce uma Estrela], e A Streetcar Named Desire [Uma Rua Chamada Pecado]; realizaram os filmes de James Dean e Strangers on a Train [Pacto Sinistro], The Searchers [Rastros de Ódio], Rio Bravo [Onde Começa o Inferno], What Ever Happened to Baby Jane? [O Que Terá Acontecido a Baby Jane?] e Bonnie and Clyde [Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas].

Jack Warner produziu pessoalmente My Fair Lady [Minha Bela Dama], em 1964, e presidiu a venda dos estúdios para a Seven Arts, em 1967. Ganhou o prêmio Thalberg em 1958. Foi um dândi bronzeado, falastrão e piadista; conservador, rude, arrogante e frequentemente estúpido. Mas sobreviveu aos irmãos e ele é o Warner que todos se referem quando aludem às três ou quatro décadas formidáveis. Se tivesse sido, ou conhecido, algo melhor, nunca teria ido fazer filmes.

Texto: Thomson, David. The Biographical Dictionary of Film. Nova York, Alfred A. Knopf, pp. 2778-80.

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