Filme do Dia: A Mormon Maid (1917), Robert Z. Leonard

 


A Mormon Maid (EUA, 1917). Direção: Robert Z. Leonard. Rot. Original: Charles Sarver, a partir do argumento de Paul West.  Fotografia: Charles Rosher. Dir. de arte: Wilfred Buckland. Com: Mae Murray, Frank Borzage, Hobart Bosworth, Edythe Chapman, Noah Beery,  Richard Cummings.

Dora Hogue (Murray) vive isolada na floresta com o pai John (Bosworth) e Nancy (Chapman) até que certo dia chega um forasteiro mórmon Tom (Borzage), que alerta sobre os riscos de um eminente ataque índio. Ele convida a família a se juntarem a caravana mórmon. Nancy revida, afirmando que se entenderia melhor com os índios que com os mórmons. Logo, no entanto, correrão risco de morte e são salvos graças a Tom, que chama os mórmons e afugenta os índios sobreviventes. Dora desperta a paixão de Darius (Beery). A família se une aos mórmons e durante alguns anos vive feliz e consegue se firmar economicamente. Invejoso com a felicidade dos Hogue, Darius faz com que John forçosamente passe a compartilhar do credo mórmon e se case com uma segunda esposa, provocando o desespero de Nancy, que se suicida. Sua filha, por sua vez, é direcionada a casar com o próprio Darius, após o que aparenta ser a morte de John.

É quase impossível embarcar de fato no mundo ficcional aqui proposto, como é o caso da representação da singeleza da família Hogue anterior ao seu contato seguido (e diga-se de passagem bastante condensado) com os índios e, posteriormente, mórmons. Ambos retratados de forma algo hostil – de fato são os segundos e não os primeiros que efetivamente matam a mãe de Dora e quase que fazem o mesmo com seu pai, humilhando e aniquilando a honra familiar e o direito de escolha da jovem, no caso de se unir ao insípido Tom vivido por Borzage, que tem que dividir o protagonismo ao final com o pai da garota, recém-descoberto enquanto vivo, numa mais de suas tiradas melodramáticas, forma narrativa a qual o próprio Borzage, quando tornado realizador anos depois, dará contribuições fundamentais; sina aliás comum a vários realizadores do período, como Griffith e o próprio diretor dessa produção, ainda que no caso de Leonard ele tenha mantido a carreira de ator até 12 anos antes de abandonar a direção. Bastante significativo do filme se encontrar refém de fórmulas se encontra a apresentação da “pastoral” família Hogue, com a filha subindo em um mirante improvisado construído em uma árvore de grande altura. Destaque para uma Ku Klux Klan menos heroicizada (como Griffith faria em O Nascimento de uma Nação) que demonizada. Mae Murray segue na cola de atrizes como Mary Pickford em sua típica representação feminina que, no entanto, não deixa de participar da resistência aos índios, inclusive matando um deles com seu tiro. O cerco dos índios à família branca remete não apenas a toda uma dramaturgia vinculada à obra de Griffith quanto ao seminal Rastros de Ódio (1955), de Ford. Destaque para as cartelas estilizadas que sugerem uma aproximação com o universo (mais socialmente reconhecido) do teatro.  Jessy L. Lasky Feature Play Co. para Paramount Pictures. 68 minutos.

 

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