Filme do Dia: Blanco de Verano (2020), Rodrigo Ruiz Patterson

 


Blanco de Verano (México, 2020). Direção: Rodrigo Ruiz Patterson. Rot. Original: Raúl Sebastian Quintanilla & Rodrigo Ruiz Patterson. Fotografia: Sarasvati Herrera. Montagem: Ernesto Martínez Bucio. Dir. de arte: Federico Cantú. Com: Fabián Corres, Sophie Alexander-Katz, Adrian Ross.

Rodrigo (Ross), garoto de 13 anos, vive uma relação de proximidade intensa com sua mãe, Valeria (Alexander-Katz), que dança com ele, compartilha sua nudez e o acolhe na  cama, quando se encontra insone. Quando Valeria encontra um amante que vem a se transformar em companheiro, Fernando (Corres), o que era contida tolerância por parte do garoto, transforma-se em explosões certeiras de hostilidade, que começam a provocar abalos na relação do casal.

A presença de Corres, juntamente como o modo como a história deixa a ver a dinâmica da relação entre mãe e filho, é fundamental para que os atos continuados de rebeldia e boicote da relação amorosa da mãe não possa ser observada apenas com antipatia. Trata-se de algo que foi construído nessa relação peculiar. E que a própria mãe parece compreender, apesar da raiva inicial pela relação aparentemente desfeita ao final. Porém, o que “sobra” para ela é o carinho do filho, sendo que ele não parece tão distante do que ela demonstra, ao menos no convívio social, com o companheiro, como quando utiliza exatamente dos mesmos códigos para ensinar ao parceiro como dançar que utilizara antes com o filho. E Rodrigo é alguém que prefere viver em seu próprio mundo, à parte de qualquer convívio social maior, fugindo sempre que pode da escola para o trailer abandonado que escolhe como moradia paralela e faz pequenas modificações, inclusive pintando-o com os restos de tinta sobrados na reforma do novo local que os três vão morar. Mas até mesmo esse refúgio  é sequestrado por Fernando, mais atento ao garoto que a própria mãe. Quando esse fica sabendo que o trailer foi reformado pelo companheiro da mãe, a sensação de sequestro não é diminuída, e o veículo será também a gota d’água para o final da relação e o reestabelecimento da situação anterior que gerara todo o imbróglio. Ao se recusar a se posicionar diante do que vivencia, resta a Rodrigo observar e agir quase sempre na surdina, numa postura fortemente passiva-agressiva. E apesar do momento de destempero de Fernando com o garoto, em nenhuma cena se observa violência, ainda que provavelmente o namorado tenha sido violento com a mãe, a determinado momento, quando esta se refere a uma queda sofrida. CCC/FOPROCINE. 85 minutos.

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