Filme do Dia: Quase Famosos (2000), Cameron Crowe
Quase Famosos (Almost Famous, EUA, 2000). Direção e Rot. Original: Cameron Crowe.
Fotografia: John Toll. Música: Nancy Wilson. Montagem: Joe Hutshing & Saar
Klein. Dir. de arte: Clay A. Griffith, Clayton Hartley & Virginia L.
Randolph. Cenografia: Robert Greenfield. Figurinos: Betsy Heimman. Com: Patrick
Fugit, Kate Hudson, Billy Crudup, Frances McDormand, Jason Lee, Zooey
Deschanel, Anna Paquin, Fairuza Balk, Philip Seymour Hoffman.
William Miller (Fugit) é um
adolescente que tem a chance de aos 15 anos acompanhar uma banda de rock em
turnê pelos Estados Unidos e escrever um artigo para a Rolling Stone sobre sua
música e os bastidores da turnê. Após ter a indicação de ser artigo como capa
da revista, a banda se choca com a honestidade com que tudo foi retratado e não
admite que seja publicado.
Desinteressante e sobrevalorizada
produção sobre os bastidores da música pop que nem consegue emular qualquer
conflito dramático convencional digno desse nome nem tampouco construir um
universo imagético próximo do imaginário retratado (tal como Não Estou Lá). Semi-autobiográfico (o
próprio Crowe foi articulista da Rolling Stone), o filme reúne referências
diversas de bandas aos quais o realizador conviveu, ainda que sua semelhança
maior seja com o Led Zeppelin – que chega a ter uma seqüência de seu Rock é Rock Mesmo, a da pretensa
chegada a Nova York, que no documentário da banda na verdade se dá a partir de
imagens filmadas em outra cidade, referida aqui. Para o resto do filme se
encarregam de “estimular” a anêmica narrativa sua câmera flutuante, as canções, em sua maior parte
apenas ouvidas em econômicos trechos e o desenho de produção do filme, que procura recriar o mau gosto
estético então operante. É evidente que o próprio filme já faz as vezes da
narrativa que o protagonista entrega ao final para a revista. Talvez seja louvável
Crowe ter evitado uma leitura nostálgica e excessivamente retrospectiva dos
eventos apresentados o que apenas o tornaria ainda mais auto-condescendente (a
exemplo de Across the Universe) e
tampouco o universo político-social do período vem à baila de forma que
transcenda os limitados horizontes de seus personagens, o que não
necessariamente chega a ser danoso para o filme. No final, algumas situações
acabam em franco aceno para um final feliz, como o reencontro de Russell
Hammond, o membro mais próximo da banda com Miller que desfaz a tensão gerada
por seu artigo e libera sua publicação, assim como sua proposta de se
reencontrar com a garota que deixara com orgulho grandemente ferido. Esses
remendos finais tornam certamente o filme bem menos interessante do que o
oposto, sendo que o próprio título serviria como ironia com relação ao próprio
projeto precoce de jornalismo do protagonista e bem mais próximo das pressões
de sucesso e reconhecimento tão enraizadas no ideário americano, e por extensão
obviamente em seu filmes. Essa é a versão do diretor, que conta com prováveis
desnecessários 40 minutos a mais que à
época do lançamento do filme nas salas de cinema. Columbia Pictures/Dreamworks
SKG/Vinyl Films para Dreamworks. 162 minutos.
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