The Film Handbook#166: Francis Ford Coppola
Francis Ford Coppola
Nascimento: 07/04/1939, Detroit, Michigan, EUA
Carreira (como diretor): 1961-
O primeiro, e inicialmente mais bem sucedido, dos "fedelhos do cinema" a chegar a proeminência nos anos 70, Francis Ford Coppola agora parece um talento problemático e errante. movendo-se incessantemente entre pequenos e grandes orçamentos, projetos populares e pessoais.
Graduado na escola de cinema da UCLA, Coppola realizou diversos curtas nudies antes de se tornar o braço direito de Roger Corman, para quem trabalhou em diversas funções. Com carta branca para dirigir Demência 13/Dementia 13, um thriller gótico atmosférico ambientado na Irlanda, ele abandonaria então Corman por um contrato como roteirista para a Seven Arts (os roteiros incluíram Essa Mulher é Proibida/This Property is Condemned, Patton e O Pecado de Todos Nós/Reflection in a Golden Eye). Após dirigir uma peculiar comédia juvenil (Agora Você é um Homem/You're a Big Boy Now), ele foi convidado a filmar o musical dos anos 40 O Caminho do Arco-Íris/Finian Rainbow. Desconexo, datado e perversamente desperdiçando o talento de Fred Astaire, o filme fracassou, e Coppola retornou às realizações de menor orçamento para o mais pessoal Caminhos Mal Traçados/Rain People>1.
Um road-movie artístico e quase feminista, sobre os esforços de uma mulher grávida de mudar sua claustrofóbica vida, revelava o considerável talento de Coppola com atores e locações, mas nem mesmo a audaciosa fundação (juntamente com George Lucas) da companhia produtora American Zoetrope sugeria que Coppola fosse o homem a traduzir o romance best-seller de Mario Puzo, O Poderoso Chefão/The Godfather> 2 para o cinema, sua carreira transformando-se imediatamente. Um audaciosamente lento melodrama dinástico focado menos nos vícios e na violência que nos tradicionais códigos de honra da poderosa família Corleone, esse épico filme apresentou soberbas interpretações, cenários suntuosos e um extravagante trabalho de câmera para desviar a atenção da superficialidade básica da premissa de Coppola, que os negócios da Máfia foram somente um braço livre mercado corporativo dos Estados Unidos. De fato, a despeito de seus dramáticos golpes de efeito (vendetta exigida em uma festa de casamento, um batismo intercalado com cenas de uma brutal carnificina) não foi também demasiado autêntico: a violência da Máfia nunca é apresentada de forma tão prejudicial para com os inocentes de fora, enquanto policiais e políticos são retratados em luz menos favorável que o clã Corleone.
Em tudo mais satisfatório, A Conversação/The Conversation>3, sobre um especialista em escuta cuja devoção mágica ao trabalho e a privacidade levam-no ao assassinato, retrabalhou temas do Blow Up de Antonioni enquanto ganhava repercussão à época de seu lançamento, por conta do escândalo de Watergate. Um filme de horror frio e moderno sobre responsabilidade, voyeurismo e paranoia, seu duradouro status enquanto obra-prima de Coppola somente pode ser rivalizado por O Poderoso Chefão Parte II>4, no qual o ambiente dos anos 40 do primeiro filme é dilatado para antes e depois, revelando o efeito corruptor do poder; na Nova York da virada do século, a violência de Vito Corleone serve enquanto estratégia de sobrevivência de um jovem imigrante em um mundo perigoso e hostil, enquanto seu filho, Michael passeia pela política dos anos 60 e sua dizimação metódica de amigos e da família constitui uma execução auto-protetora do poder pelo poder.
Francis Ford Coppola com um Brando careca no cenário do épico do Vietnã Apocalipse Now! |
Nessa época, a popularidade de Coppola com o público e com os críticos parecia assegurada, e ele levou quatro anos nas Filipinas para realizar o caro Apocalipse Now!>5. Um épico da Guerra do Vietnã inspirado no Coração das Trevas de Joseph Conrad, seus personagens são frequentemente pobremente motivados, sua história errante, mas as imagens de Vittorio Storaro, são tão belas que parecem quase glorificar os ataques de napalm sobre os povoados civis. A produção problemática demonstrou ser exaustiva, no entanto, e Coppola retornou aos estúdios Zoetrope para O Fundo do Coração/One from the Heart. Um musical romântico contemporâneo cujas canções e danças foram, tristemente, de nível desanimadoramente baixo, seus cenários de luzes de neon de Las Vegas e pretensiosos efeitos em vídeo foram um triunfo da mente sobre o conteúdo emocional; igualmente, O Selvagem da Motocicleta/Rumble Fish (um filme sobre ritos de passagem adolescentes baseado em romance de S.E. Hinton, filmado simultaneamente ao relativamente convencional O Selvagem da Motocicleta/The Outsiders) ostentou sua fotografia expressionista em preto&branco e um existencialismo de Camus para crianças de forma tão retórica que o resultado foi muito barulho por muito pouco.
Coppola, agora no limite da falência, buscava intensamente outro sucesso. Cotton Club/The Cotton Club>6 foi uma frequentemente vivaz mescla de musical de bastidores e thriller de gângster dos tempos da Lei Seca, animado pela trilha de Duke Ellington e números de dança superiores, mas sua história - um triângulo romântico entre um músico, uma corista e o maniacamente violento gangster Dutch Schultz - e seu tratamento da tensão racial centrada ao redor do epônimo clube de jazz do Harlem - foi banal e raso. Peggy Sue - Seu Passado a Espera/Peggy Sue Got Married, foi derivativo, em seu estilo De Volta para o Futuro/Back to the Future de narrativa, sobre uma mulher voltando-se ao próprio passado numa tentativa onírica fosse de abandonar ou chegar a um acordo sobre seu casamento fracassado; o seguinte, Jardins de Pedra/Gardens of Stone foi um modesto estudo sobre o trauma da experiência no Vietnã por um oficial veterano, confuso no cemitério de Arlington, sendo notável principalmente pelo retorno às telas de James Caan. Em Tucker>7, no entanto, Coppola encontrou um tema caro ao coração (um visionário projetista de carros dos anos 40 permanece fiel aos seus sonhos, a despeito da pavorosa sabotagem industrial dos endinheirados homens de mente estreita); se o filme se ressentiu de profundidade emocional, foi um estilizado, engenhoso e divertido hino à criatividade improvisada norte-americana.
Os talentos de Coppola parecem residir menos em profundidade emocional ou intelectual que na habilidade de criar mundos convincentes através de imagens impressionantes e interpretações fortes. De fato, as contribuições de atores como Brando, Duvall, Pacino e Caan e dos diretores de fotografia Storaro e Gordon Willis foram cruciais para sua melhor obra. Aplicado a material medíocre, seu estilo - frequentemente grandioso, bombástico e extravagante - pode soar raso e inapropriado.
Coppola, agora no limite da falência, buscava intensamente outro sucesso. Cotton Club/The Cotton Club>6 foi uma frequentemente vivaz mescla de musical de bastidores e thriller de gângster dos tempos da Lei Seca, animado pela trilha de Duke Ellington e números de dança superiores, mas sua história - um triângulo romântico entre um músico, uma corista e o maniacamente violento gangster Dutch Schultz - e seu tratamento da tensão racial centrada ao redor do epônimo clube de jazz do Harlem - foi banal e raso. Peggy Sue - Seu Passado a Espera/Peggy Sue Got Married, foi derivativo, em seu estilo De Volta para o Futuro/Back to the Future de narrativa, sobre uma mulher voltando-se ao próprio passado numa tentativa onírica fosse de abandonar ou chegar a um acordo sobre seu casamento fracassado; o seguinte, Jardins de Pedra/Gardens of Stone foi um modesto estudo sobre o trauma da experiência no Vietnã por um oficial veterano, confuso no cemitério de Arlington, sendo notável principalmente pelo retorno às telas de James Caan. Em Tucker>7, no entanto, Coppola encontrou um tema caro ao coração (um visionário projetista de carros dos anos 40 permanece fiel aos seus sonhos, a despeito da pavorosa sabotagem industrial dos endinheirados homens de mente estreita); se o filme se ressentiu de profundidade emocional, foi um estilizado, engenhoso e divertido hino à criatividade improvisada norte-americana.
Os talentos de Coppola parecem residir menos em profundidade emocional ou intelectual que na habilidade de criar mundos convincentes através de imagens impressionantes e interpretações fortes. De fato, as contribuições de atores como Brando, Duvall, Pacino e Caan e dos diretores de fotografia Storaro e Gordon Willis foram cruciais para sua melhor obra. Aplicado a material medíocre, seu estilo - frequentemente grandioso, bombástico e extravagante - pode soar raso e inapropriado.
Cronologia
A versatilidade de Coppola pode implicar uma ausência de comprometimento com qualquer outra coisa que o desejo de fazer filmes: seu sucesso inicial ajudou a inspirar uma geração de diretores, dentre eles Spielberg, Lucas, Scorsese, Bogdanovich e Dante, muitos dos quais também iniciaram com Corman. Ele pode também ser comparado com Bertolucci, Leone e Cimino e tem sido influente como produtor, notavelmente em THX 1138 e Loucuras de Verão/American Grafitti, de Lucas e Hammett, de Wenders.
Leituras Futuras
Coppola: The Man and his Dreams (Londres, 1989), de Peter Cowie. Notes (Nova York, 1979), de sua esposa Eleanor, descreve a realização de Apocalipse Now!
Destaques
1. Caminhos Mal Traçados, EUA, 1969, c/Shirley Knight, James Caan, Robert Duvall
2. O Poderoso Chefão, EUA, 1972 c/Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall
3. A Conversação, EUA, 1974 c/Gene Hackman, John Cazale, Allen Garfield
4. O Poderoso Chefão II, EUA, 1974 c/Robert De Niro, Al Pacino, Robert Duvall
5. Apocalipse Now!, EUA, 1979 c/Martin Sheen, Marlon Brando, Robert Duvall
6. Cotton Club, EUA, 1984 c/Richard Gere, Diane Lane, James Remar, Gregory Hines
7. Tucker, EUA, 1988 c/Jeff Bridges, Martin Landau, Joan Allen
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman,1989, pp. 60-2.
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