Filme do Dia: Bonequinha de Luxo (1961), Blake Edwards
Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s,
EUA, 1961). Direção:
Blake Edwards. Rot. Adaptado: George Axelrod, a partir do romance de Truman
Capote. Fotografia: Franz Planer & Philip H. Lathrop. Música: Henry
Mancini. Montagem: Howard A. Smith. Dir. de arte: Roland Anderson & Hal Pereira.
Cenografia: Sam Comer & Ray Moyer. Figurinos: Edith Head. Com:
Audrey Hepburn, George Peppard, Patricia Neal, Martin Balsam, Buddy Ebsen, José
Luiz de Villalonga, Mickey Rooney, John McGiver, Alan Reed.
Passando a morar no mesmo apartamento
de Holly (Hepburn), o escritor Paul Varjak (Peppard) logo se apaixona por sua
beleza e sua excentricidade. Ela vive só com seu gato e ganha uns trocados
fazendo companhia a velhos ricos. Ele se encontra enrolado com a decoradora
Emily (Neal). Mesmo flertando com Varjak, Holly, no entanto, encontra-se
disposta a desposar um rico brasileiro, José (Villalonga). Ela recebe uma
visita de seu ex-marido, Doc Golightly (Ebsen), que sonha em leva-la consigo de
volta ao Texas, porém Holly é o nome criado para substituir seu provinciano
nome de batismo, Lulla Mae. Holly afirma para Doc que a pessoa que conhecera já
não existe mais. Os planos de casamento de Holly são frustrados pela notícia da
morte do irmão e, principalmente, do escândalo policial que a envolve. Ainda
assim, ela pretende viajar para o Brasil, com a passagem ganha e, no táxi,
juntamente com Paul, a quem chama sempre de Fred, solta o gato de estimação na
rua.
Produzido em um momento no qual o
cinema se reestrutura enquanto indústria e cujas produções reúnem colaborações
antes impensáveis no sistema tradicional de estúdios (caso de Julgamento em Nuremberg), esse filme de
Edwards, traz não apenas um prestigioso elenco de apoio (Balsam, Patricia Neal
e Rooney, dentre os mais destacados) como Axelrod e Mancini enquanto roteirista
e compositor da partitura musical (e da inesquecível canção, Moon River) respectivamente. Se o
roteiro é um dos pontos fracos do filme e intuitivamente nos força a uma
comparação com o não menos débil O Pecado Mora ao Lado, não por acaso escrito pelo mesmo Axelrod, o tempo ou a
abordagem aqui proposta também mostra algumas distinções básicas com relação àquele,
como a ausência do cinismo sexista – é sabido que Capote, outro nome célebre
envolvido no projeto queria Monroe para o papel, decisão que os produtores
acertadamente não toparam. De fato, Hepburn é não apenas a presença mais
luminosa do filme como ideal para a representação da ousadia descolada possível
de ser representada pelo cinema de maior apelo comercial então – guardadas as
indevidas comparações, a versão norte-americana de Jean Seberg em Acossado; curiosamente Seberg foi
sondada para o filme. Porém, a personagem de Hepburn é mais que uma descolada
excêntrica, parece antes uma mescla entre as socialites nova-iorquinas
fartamente representadas em Technicolor (e algumas vezes Cinemascope) da década
anterior, e representações mais ousadas da sexualidade trazidas pela comédia
sofisticada e também drama por atrizes como Natalie Wood. Algo que poderia
valer para o filme como um todo, que mesmo investindo no tom casual que
norteará a comédia romântica desde então, tampouco deixa de remeter a um certo
passadismo. E também válido para a ambiguidade sobre o fato da personagem de
Hepburn ser de fato uma garota de programa
da alta sociedade. Talvez algumas opções, como a caricatura de oriental
vivida por um Rooney de dentadura postiça ou o fato da órfã Holly ter se casado
aos 14 anos de idade possam soar estranhas às sensibilidades mais suscetíveis
do século XXI, porém sua mise en scène,
com direito a alguns planos longos de mais de um minuto, possivelmente é mais
rica que a das comédias românticas equivalentes do século que segue e talvez,
inclusive, tenha envelhecido melhor que a própria elaboração do charme
idiossincrático de sua protagonista, em alguns momentos demasiado excessivo. Ao
menos uma cena parece remeter mais a produção posterior de Edwards e se
encontrar deslocada aqui, pelo seu excesso: a que Holly acidentalmente provoca,
com sua longuíssima piteira, um princípio de incêndio no chapéu de uma dama da
sociedade. Dentre as suavizações diante do original de Capote, algo bastante
comum nas adaptações cinematográficas das obras de um amigo seu, Tennessee
Williams, encontra-se a ausência de qualquer insinuação a possível
bissexualidade da personagem vivida por Hepburn e o final feliz. National Film Registry em 2012. Jurow-Shepherd para Paramount Pictures. 115 minutos.
Molly??? Holly* !!!!!!!!!
ResponderExcluirEita, é verdade! Grato pela correção...não sei porque via das contas troquei seu nome. vou corrigir.
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