Filme do Dia: Esta Mulher é Proibida (1966), Sydney Pollack
Esta Mulher é Proibida (This Property is Condemned, EUA, 1966).
Direção: Sydney Pollack. Rot. Adaptado: Francis Ford Coppola, Fred Coe &
Edith Sommer, baseado em peça de Tennessee Williams. Fotografia: James Wong
Howe. Música: Kenyon Hopkins. Montagem: Adrienne Fazan. Dir. de arte: Stephen
B. Grimes, Phillip M. Jefferies & Hal Pereira. Cenografia: William Kiernan.
Figurinos:
Edith Head. Com: Natalie Wood, Robert Redford, Charles Bronson, Katy Heid, Mary
Badham, Alan Baxter, Robert Blake, Dabney Coleman, John Harding.
Anos 20. Alva Starr (Wood) mora em Dodson,
Mississipi, onde trabalha na hospedaria de sua mãe, Hazel (Heid). A cidade é
completamente dependente da ferrovia. Owen Legate (Redford) chega de New
Orleans com a missão de despedir vários dos funcionários da ferrovia e fechar
alguns ramais. Alva se sente atraída por ele. Porém sua mãe possui outros
planos, que é o de uni-la a Johnson (Harding), homem solitário e casado que
pretende pagar um apartamento para ela em Menphis. Alva Starr recebe na mesma
noite a proposta de casamento de J.J.Nichols (Bronson), amante de sua mãe. Alva
parte para New Orleans. Ela acaba sendo vista por Owen, com quem passa a morar
e tem planos de levá-la para Chicago. Porém, o inesperado surgimento da mãe
provoca uma mudança de planos.
Essa que é uma das últimas adaptações
cinematográficas baseadas em Williams dignas de nota – uma exceção atemporal
será a dirigida por Sirk já no final da década seguinte e pouco conhecida,
provavelmente baseada na mesma peça – está longe de possuir a mesma pujança das
dirigidas por Elia Kazan, Richard Brooks ou Mankiewicz anteriormente. Pollack
até tenta usar da criatividade na construção de sua narrativa – por exemplo,
sugerindo em seu prólogo que as crianças seriam os protagonistas no passado,
quando, na verdade, já se encontram “depois” dos eventos narrados, que os são,
justamente pela garota, irmã da protagonista – porém o resultado final soa um
tanto quanto tosco. Talvez sua fragilidade se instaure justamente na direção de
atores, ponto fundamental para qualquer adaptação de Williams e surpreendente
em se tratando de Pollack, que se tornará um mestre da mesma. A década de 1920
foi inúmeras vezes retratada pela ótica dos anos 60, como se algo da rebeldia e
tensões sociais de uma se espelhassem na outra. Natalie Wood, nesse sentido,
foi a escolha natural para encarnar o seu habitual papel de adolescente ou
jovem adulta procurando se desvencilhar das amarras da repressão familiar
através do furor do sexo, com sua mescla de candura e sex appeal que já havia sido explorado a partir da mesma
perspectiva contemporânea sobre os anos 20 no
célebre Clamor do Sexo
(1962), de Kazan. O abismo que existe entre a realidade e o mundo particular de
Alva, que resiste desesperadamente o quanto pode a ele, ao mesmo tempo fazendo
concessões às pressões da mãe soa menos tocante que fake, tanto quanto a utilização da triste canção que abre e fecha o
filme. Já o tom provinciano e melancólico de se morar em um pequeno ponto do
mapa seria melhor evocado por filmes como A Última Sessão de Cinema (1971), de Bogdanovich, ou Cidade
das Ilusões (1973), de John Huston, talvez por justamente procurarem
traduzi-lo por uma chave mais trivial e seca que excessivamente dramática como
aqui. Paramount/Seven Arts para
Paramount Pictures. 110 minutos.

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