Filme do Dia: Retrato de Teresa (1979), Pastor Vega


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Retrato de Teresa (Cuba, 1979). Direção: Pastor Vega. Rot. Original: Pastor Vega & Ambrosio Forneto. Fotografia: Lívio Delgado. Música: Carlos Farinas. Montagem: Mirita Lores. Com: Daisy Granados, Adolfo Llauradó, Idalia Anreus, Miguel  Benavides, Samuel Claxton, Elsa Gay, German Pinelli, Raúl Pomares.
Oprimida pelo trabalho estafante, por conduzir um grupo artístico na tecelagem em que trabalha e ainda ter que dar conta de três filhos e das reclamações do marido que acredita dar pouca atenção à família, Teresa (Granados) começa a entrar em conflito direto com Rámon (Llauradó), seu marido. Ela tenta uma reconciliação ao pedir licença do trabalho e ficar próxima dele e dos filhos, mas logo a situação cotidiana volta as mesmas reclamações de sempre. Separados, Rámon se desespera quando percebe que não possui mais qualquer relevância para a amante rica que o usa da mesma maneira que ele a ela. Tenta ensaiar um retorno com Teresa, porém sua ênfase em sequer imaginar a possibilidade de Teresa ter vivido uma relação extra-conjugal no período em que se encontravam separados, algo que de fato ocorreu, apenas a impulsiona para a certeza de que não pretende mais ficar a seu lado.
Um dos títulos seminais da cinematografia cubana, o filme de Vega é quase uma aula didática sobre a emancipação feminina e uma postura geracional diferenciada com relação à visão das mulheres mais velhas, representada pelo conformismo da mãe de Teresa. Para que não soe demasiado maniqueísta, Vega ainda sugere alguns traços de bom mocismo na figura de Rámon, como o amor que devota aos filhos e o fato de não chegar a agredir fisicamente Teresa de todo. Porém mais importante é sua desconstrução do canônico melodrama, seja por um distanciamento na própria forma que narra os acontecimentos ou ainda pela maneira em que Teresa aprende a refutar as chantagens emocionais do marido e a pensar de maneira positiva acerca de si própria, não deixando qualquer brecha para uma reconciliação final. Faz uso, de modo irônico, da estética das imagens publicitárias, na seqüência em que apresenta a reconciliação temporária de Teresa com sua família em um parque de diversões, em que tudo evoca uma imagem de “família feliz”, numa composição evocativa de um comercial. É menos feliz, no entanto, na forma caricata em que descreve a fútil jovem burguesa que apenas pretende se divertir com Rámon enquanto fetiche sexual, traindo involuntariamente uma dimensão machista para além de sua pretensa crítica da elite cubana. Ou ainda quando antepõe de modo não menos didático um novo homem no horizonte de Teresa que se afasta completamente das limitações do universo de Rámon, envolvido com o mundo artístico, sensível e não dominador. IDP/ICAIC. 103 minutos.

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