Filme do Dia: Pacto de Sangue (1944), Billy Wilder
Pacto de Sangue (Double Indemnity, EUA,
1944). Direção: Billy Wilder. Rot. Adaptado: Billy Wilder & Raymond
Chandler, baseado no romance de James M. Cain. Fotografia: John F. Seitz. Música:
Miklós Rózsa. Montagem: Doane Harrison. Dir. de arte: Hans Dreier & Hal
Pereira. Cenografia: Bertram C. Granger. Figurinos: Edith Head. Com: Fred MacMurray, Barbara Stanwyck, Edward G. Robinson, Porter Hall, Jean Heather, Tom Powers, Byron
Barr, Fortunio Bonanova.
Walter Neff (MacMurray) narra de seu
próprio escritório a trama que lhe levou a complicada situação em que se
encontra. Agente de seguros, envolve-se com a ardilosa Phyllis Dietrichson
(Stanwyck). Phyllis decide matar o marido (Powers) e ficar com a valiosa
apólice. Juntamente com Neff, Phyllis planeja o crime que acreditam perfeito.
Porém, para o azar de ambos o companheiro de trabalho de Neff, Barton Keyes
(Robinson), começa a desconfiar de que há algo errado no caso. Igualmente, a
enteada de Phyllis, Lola (Heather), começa a desconfiar da madrasta. Ao
contrário do que imaginavam, Phyllis e Neff não mais conseguem se aproximar e
nem ter acesso ao dinheiro depois do crime. Para sorte de Walter, todas as
evidências apontam Phyllis e o ex-namorado da enteada, Nino Zachetti (Barr). Sentindo-se cada vez mais pressionado Walter
vai até a casa de Phyllis e a mata, mas também é ferido por ela. Zachetti chega
logo depois, mas ele o desvia da casa, salvando sua pele. O mesmo não ocorre
com ele próprio. Keyes logo chega e chama a polícia e socorro médico.
Nenhum filme talvez personifique melhor
o estilo noir que essa produção de Wilder com sua limpidez narrativa –
as histórias excessivamente rocambolescas e com um número exorbitante de
personagens seguirão a senda iniciada com Relíquia Macabra (1941), de
Huston – estrutura em flashback, narrativa in off, uma femme
fatale desvirtuando a integridade de um homem e a habitual visão cínica de
um mundo degradado. A engenhosidade dos diálogos, a magnífica interpretação dos
atores (especialmente Robinson) e a tradicional situação em que o crime como
utopia para uma vida melhor para os criminosos transformando-se em seu
contrário poucas vezes estiveram tão bem representados no cinema. Auxiliado
ainda pela exuberante fotografia em p&b e o magnífico senso de ritmo, o
filme transformou-se em uma referência obrigatória para os mais diversos
cineastas como Woody Allen em Um Misterioso Assassinato em Manhattan e O
Escorpião de Jade, Kubrick em De Olhos Bem Fechados e Brian De Palma com Femme Fatale. Em termos de consistência dramática que vá além
das limitações impostas pelos filmes de gênero o filme se encontra distante da
talvez melhor obra do cineasta, o menos ambicioso A Montanha dos Sete
Abutres (1951). Sua estrutura seria retrabalhada no filme de estréia de
Antonioni, Crimes D´Alma (1950). Paramount Pictures. 107 minutos.
Comentários
Postar um comentário