Filme do Dia: Na Frente Há Lugar (1942), Mario Bonnard
Na Frente Há Lugar (Avanti c’è Posto, Itália, 1942). Direção: Mario Bonnard. Rot. Original: Mario Bonnard,
Aldo Fabrizi, Federico Fellini & Piero Tellini, a partir do argumento de
Tellini, Fabrizi & Cesare Zavattini. Fotografia: Vincenzo Seratrice.
Música: Giulio Bonnard. Montagem: Maria Rosada. Dir. de arte: Giovanni Sarazani
& Vittorio Nino Novarese. Com: Aldo Fabrizi, Adriana Benetti, Andrea
Checchi, Virgilio Riento, Carlo Micheluzzi, Cesira Vienello, Jone Morino, Pina
Gallini.
Cesare Montani (Fabrizi) é um cobrador que se sensibiliza com a
história da jovem Rosella (Benetti), que aparentemente foi roubada no ônibus e
após acompanhá-la até sua própria pousada, onde são praticamente expulsos por
sua irritada proprietária, leva-a a pousada onde ele próprio mora, sendo, no
entanto, descoberto por sua zelosa dona, que não aceita a presença da moça.
Ambos dormem em um terminal ferroviário. Na manhã seguinte ele encontra um
local para que Rosella fique, após uma tentativa frustrada em outra que era
demasiado familiar. Rosella se aproxima do colega de trabalho de Cesare, Bruno
(Checchi) e se apaixona pelo mesmo. Esse decide se alistar ao Exército, tendo
como missão em pouco tempo partir para a África. Cesare e Rosella tentam então
alcançar o mais imediatamente possível Bruno, que desfila juntamente com os
militares pelas ruas da cidade.
Típica comédia de
costumes realizada durante a Segunda Guerra, no qual à referência a essa é
bastante velada, no caso do alistamento e embarque posterior para África após
treinamento (a menção à Africa podia inclusive representar a mais “bem
sucedida” Guerra da Etiópia na década anterior). Os créditos iniciais são
apresentados sobre panorâmicas extraídas do que aparentemente seria o bonde no
qual o protagonista, vivido pelo recorrente Fabrizi, ganharia sua vida. Há uma
tensão, ainda que implícita, que permeia praticamente todo o filme, entre
Rosella optar pelo amor quase paternal e auto-sacrificial de Cesare ou pelo
mais sexuado e conflituoso Bruno. A dimensão auto-sacrificial do primeiro
parece mais do que nunca no momento final do filme, quando abandona o casal a
si próprio e parte para sua convencional rotina de insultos e apupos com os
frequentadores do bonde, ainda bastante emocionado. Foi tido pelo próprio
Rossellini como um dos filmes que prenunciavam o surgimento do Neo-Realismo,
ainda que muito pouco do mesmo possa ser observado em retrospecto. Società
Italiana Cines para ENIC. 81 minutos.
Comentários
Postar um comentário