Filme do Dia: A Melodia (1992), Bill Plympton

A Melodia (The Tune, EUA, 1992). Direção: Bill Plympton. Rot. Original: Bill Plympton, Maureen McElheron & P.C. Vey. Fotografia: John Donnelly. Música: Maureen McElhorn. Montagem: Merril Stern.
Animação de longa-metragem de um realizador que talvez seja mais conhecido por seus curtas. E talvez merecidamente. Como outros longas animados que lhe antecederam, notadamente Yellow Submarine, no filme de Plympton o leve traço de enredo – um músico pretende levar sua última coleção de músicas para um importante produtor musical e o tempo está se esgotando – é apenas um pretexto para a apresentação da animação e dos números musicais. Como a animação de Plympton porsi só nada tem de extraordinária, ao contrário do filme dos Beatles que ao menos contemplava a psicodelia da época, sobra apenas a trilha de canções, algumas mais interessantes que outras mas longe de chamarem a atenção e – o que talvez seja a melhor qualidade do filme – o seu senso de onirismo sem apelar para cacoetes surrealistas ou de evocação do uso de drogas nos traços do desenho ou na apresentação da narrativa. Parece antes contemplar um surto esquizofrênico semelhante ao do protagonista do contemporâneo Barton Fink, mesmo que se tal associação possa ser feita ela deve ser enderaçada mais ao processo de elaboração de seu realizador do que novamente do universo fictício em questão, onde todos os absurdos que seu músico enfrenta não parecem lhe ser tão absurdos assim. Destaque para a longa cena na qual dois homens se digladiam entre si simplesmente desfazendo de toda forma a cabeça um do outro e para a indicação oposta do caminho a ser seguido, evocativo de Alice no País das Maravilhas. E igualmente para a consciente referência irônica  do uso singelo de uma canção que é acompanhada com uma bolinha tal como nos antigos curtas da série clássica Sing-a-Long. October Films. 69 minutos.


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