Filme do Dia: O Jardineiro Cruel (1912), Victor Sjöström
O
Jardineiro Cruel (Trädgardsmästaren,
Suécia, 1912). Direção: Victor Sjöström. Rot. Original: Mauritz Stiller. Fotografia: Julius Jaenzon. Com: Victor Sjöström, Gösta Ekman, Lili Bech, John
Ekman, Gunnar Bohman.
Jovem (Bech) de
classe social inferior se apaixona pelo filho (Gösta Ekman) do patrão (John
Ekman), que envia o filho para longe. Porém, o que aparenta ser somente uma
preocupação com um futuro do filho, demonstra ser o interesse do patrão pela
moça, que tenta sem sucesso seduzi-la a todo custo. Pai e filha são despedidos
pelo patrão como retaliação. A jovem procura o apoio de um homem rico que, com
a morte de seu pai, a adota como filha. Com a morte de seu protetor, no
entanto, a jovem desesperada retorna ao local que fora feliz em sua juventude e
é encontrada morta na estufa da casa por seu proprietário.
Segundo filme de
Sjöström, realizado em um período em que a cinematografia mundial ainda
consolidava as bases para a narrativa cinematográfica padrão, inclusive em
termos de duração (caso desse filme em questão, que não passa de um média
metragem). Muito do que seria apresentado de modo mais amadurecido nos anos
posteriores nos filmes com assinatura de Sjöström aqui ainda se encontra um
tanto quanto tosco e através de uma narrativa excessivamente rocambolesca, o
que certamente se deve não apenas a questões estilísticas individuais quanto as
próprias mudanças profundas vivenciadas pela narrativa cinematográfica em
termos mundiais em um curto período de tempo. Um dos momentos que parece mais
gratuito e apelativo no filme – a morte da protagonista ao final em meio a
estufa de flores – na verdade foi uma saída para liberar o filme junto à censura,
já que anteriormente nessa mesma estufa que se desenvolvia uma ousada cena de
tentativa de esturpro que transformou esse filme no primeiro a ser banido na
Suécia. Aliás, o título americano (The
Broken Springrose) é uma menção a flor que é acariciada pelos dedos da
protagonista, evidente sinônimo de sua pureza que se torna posteriormente
violada, provocando a queda da mesma rumo a uma vida libertina que somente será
redimido com sua própria morte. É evidente nesses melodramas do início da
carreira do cineasta uma certa fixação em figuras paternas – três no filme em
questão – que serão determinantes para os altos e baixos da protagonista. Dado
como perdido por mais de setenta anos, foi encontrada essa versão americana já
com os cortes efetuados pela censura. Stiller, que se tornaria juntamente com
Sjöström, o cineasta sueco mais reverenciado do período (e para quem o último
estrearia no cinema como ator, no mesmo ano) é roteirista e aparece num pequeno
papel. Svenska Biografteatern. 34 minutos.
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