Filme do Dia: De Mayerling à Sarajevo (1940), Max Ophüls
De Mayerling à Sarajevo (De
Mayerling a Sarajevo, França, 1940). Direção: Max Ophüls. Rot. Original:
Carl Zuckmayer, André-Paul Antoine, Marcelle Maurette & Jacques Natanson.
Fotografia: Curt Courant & Otto Helelr. Música: Oscar Straus. Montagem:
Myriam Boursoutsky & Jean Oser. Dir. de arte: Jean d’Eaubonne. Figurinos:
Boris Bilinsky. Com: Edwige Feuillère, John Lodge, Aimé Clariond, Jean Worms,
Jean Debucourt, Raymond Aimos, Gabrielle Dorziat, Henri Bosk, Gaston Dubosc,
Marcel André.
O arquiduque Francisco Ferdinando (Lodge), herdeiro do
Império Austro-Húngaro, apaixona-se perdidamente pela condessa tcheca Sophie
Chotek (Feuillère). A união dos dois somente pode ser selada com a abdicação da
linha sucessória para seus filhos e exclusão da esposa dos eventos oficiais. O
imperador relega ao filho o papel de diplomata em missões nos países próximos,
papel que cumpria quando conhecera Sophie. 14 anos após casados, Sophie decide,
com maus presságios, partir para Sarajevo, na conturbada visita, que inicia com
um atentado que fere um dos membros da comitiva. Quando Ferdinando vai ao
hospital visitar o ferido, ao lado de Sophie, é morto durante o trajeto.
Um dos filmes menores do cineasta, cujo final se desembaraça
de seu drama privado para uma série de explanações sobre o desencadeamento da I
Guerra Mundial e a situação contemporânea ao momento no qual foi produzido de
forma demasiado abrupta. Tomando partido da figura feminina, como habitualmente
faz, Ophüls observa mais um exemplo de auto-sacrifício pessoal em detrimento do
amado – que tampouco deixa de fazer concessões a partir do momento que aceita
as restrições que envolvem o casamento no que diz respeito aos filhos, mas
sendo seu personagem observado de forma algo opaca e anódina, na figura de um
homem consciensoso e belo e não mais que isso. De todo modo outros filmes do
realizador expressam melhor tal condição, como Carta de uma Desconhecida (1948). Como em outras produções do
realizador os conflitos mais patentes são os que envolvem os desejos
individuais se confrontando com as convenções sociais, para o azar dos
primeiros. O filme tampouco esboça sequer de longe a virtuosidade estilística
de algumas produções anteriores assinadas por Ophüls, tal como La Signora di Tutti (1934). O fato dos
eventos políticos, como habitual, ficarem restritos a segundo plano diante do
drama romântico, torna ainda mais estranha a intervenção que ocorre no
epilógo, elegíaca e sem que se tenha
qualquer reação de Sophie ao seu amado morto ao seu lado – tudo é observado de
longe. Evidentemente que o filme seria censurado quando de seu lançamento, numa
França já dominada, sendo lançado somente cinco anos após. Planos documentais
são inseridos como representação da multidão ovacionando o monarca e seu
sucessor. B.U.P Française para Compagnie Cinématographique de France. 95 minutos.
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