Filme do Dia: Minha Noite com Ela (1969), Eric Rohmer


Minha Noite com Ela (Ma Nuit chez Maud, França, 1969). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Néstor Almendros. Montagem: Cécile Decugis. Dir. de arte: Nicole Rachline. Com: Jean-Louis Trintignant, Françoise Fabian, Marie-Christine Barrault, Antoine Vitez, Léonide Kogan, Guy Léger, Anne Dubot, Marie Becker.
Jean-Louis (Trintignant) é um católico que se muda para a província e se encontra tocado por uma jovem que percebe na igreja, Françoise (Barrault), com quem acredita que deve se casar. Certo dia, ele reencontra um amigo que não via há 14 anos, Vidal (Vitez), que lhe apresenta Maud (Fabian), uma charmosa mulher divorciada. Dividido entre a razão, que o faz acreditar na fidelidade do amor e na crença de que Françoise, até por ser católica, é a mulher com quem deve casar e o desejo por Maud, ele inicialmente não toma uma decisão. Porém, ao reencontrar ocasionalmente Françoise ele marca um encontro com ela, que apesar de gostar muito dele, ressente-se ainda pelo amor de uma relação recém-acabada. Anos depois, Jean-Louis, casado com Françoise e com um filho reencontra casualmente Maud na praia.
O mais célebre – talvez com O Joelho de Claire (1970) - do ciclo de seis filmes que Rohmer denominou Contos Morais. A força do filme reside basicamente nos diálogos, algo que se é bastante comum na filmografia de Rohmer, aqui ainda se torna mais acentuado, dado as seqüências bem mais longas que ocorrem em conversas em interiores. Como habitual, Rohmer demonstra o difícil equilíbrio entre um propósito moral defendido com firmeza por um personagem e suas ações. Como tampouco deixa de ser incomum em sua obra, os dramas morais vividos por se us personagens são apenas apresentados, e não vivenciados de forma subjetiva, tendo como mote um pensador – aqui, Pascal – ao qual se contrapõem ou se aproximam. Mesmo quando faz uso de uma narração na voz do protagonista, esse não faz mais que afirmar algumas informações bastante objetivas, como a certeza de que iria casar com Françoise. Ao contrário de Godard, o universo de seus filmes permanece praticamente intocado, seja em termos formais, seja em termos de referência histórica, pelos eventos político-estudantis que marcaram a França no final da década. Destaque para a beleza da fotografia em preto&branco de Almendros, habitual colaborador de Truffaut, e para a então jovem Barrault em início de carreira. FFD/Les Films de La Plêiade/Les Films de Deux Mondes/Les Films du Carrose/Les Filmes du Losange/Les Productions de la Guéville/Renn Productions/Simar Films/SFP/The World Ent. 110 minutos. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng