Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#119: Gustavo Santaolalla

 


SANTAOLALLA, Gustavo. (Argentina, 1951-). A primeira pessoa nascida na Argentina a receber dois Oscars, Gustavo Santaolalla é um compositor, músico, líder de banda, e produtor. Nascido em El Palomar, Buenos Aires, iniciou sua carreira como músico profissional em 1967, ao co-fundar o grupo musical Arco-Íris, que fundia rock com a música tradicional argentina. Após abandonar o grupo, em 1975, fundou outro, Soluna, gravando apenas um álbum com eles, em 1977. Em 1978, embarcou para sua primeira permanência em Los Angeles, onde abraçou o rock com sua nova banda, Wet Picnic. Também escreveu sua primeira trilha para cinema, para She Dances Alone, e posteriormente retornou à Argentina, onde lançou seu primeiro álbum solo, Santaolalla, trazendo o som dos "anos oitenta" para o seu país natal. Posteriormente, foi figura-chave no desenvolvimento do rock hispânico, produzindo numerosos mexicanos, uma cantora colombiana, um trio chileno e algumas bandas de rock argentinas, enquanto se deslocava entre a América do Sul e do Norte. O segundo álbum solo de Santaolalla foi lançado em 1995, e o terceiro, Ronroco, em 1998. De modo notável, este álbum contém um número de faixas fazendo o uso de um instrumento tradicional de cordas, o charango, incluindo Iguazu, que foi utilizado pelo diretor Michael Mann em dois de seus filmes, The Insider (O Informante, 1999) e Collateral (Colateral, 2004).

Agora baseado na Califórnia, Santaolalla foi o consultor musical em Star Maps (Calçada da Fama, 1997) e, mais proeminentemente, compôs a trilha musical para Amores Perros (Amores Brutos, 2000), de Alejandro González Iñárritu, com Daniel Hidalgo, pelo qual foi indicado a melhor trilha musical nos prêmios Ariel, no México. Então se iniciou uma notável década de trilhas musicais para Santaolalla. Trabalhou em todos os projetos de González Inárritu, incluindo o segmento "México" em 11'09'01 - September 11 (11 de Setembro, 2002); a produção hollywoodiana 21 Grams (21 Gramas, 2003); Babel (França/EUA/México, 2006), pelo qual ganhou seu segundo Oscar consecutivo por Melhor Realização de Música Escrita para o Cinema, Trilha Original, em 2007 e Biutiful (México/Espanha, 2010).

Na cerimônia de premiação de 2007 Santaolalla dedicou seu Oscar ao seu pai e país, Argentina. Após Amores Brutos, Santaolalla retornou à Argentina para compor a trilha para um filme de televisão dirigido  por Miguel Kohan, Salinas Grandes, e então compôs a trilha para uma das mais bem sucedidas co-produçoes internacionais, Diários de Motocicleta (Argentina/EUA/Chile/Peru/Brasil/Reino Unido/Alemanha/França, 2004), dirigido por Walter Salles. Esta obra venceu o Condor de Bronze da Associação dos Críticos Argentinos, em 2005 e seu primeiro prêmio Anthony Asquith (Bafta), de Melhor Música no Reino Unido. No mesmo ano escreveu a trilha de Brokeback Mountain, pelo qual recebeu seu primeiro Oscar de trilha sonora original, em 2006. Por esta trilha recebeu inúmeros outros prêmios, incluindo seu segundo Anthony Asquith, o Prêmio BMI de Música de Cinema, seu primeiro prêmio da Associação de Críticos Americanos (EUA), por melhor compositor, o Grammy de Melhor Trilha Sonora de Compilação (EUA), compartilhado com "vários artistas" e em Chicago, Los Angeles, e o Prêmio de Críticos de Cinema Online de Melhor Trilha. 

Depois disso, Santaolalla se tornou um verdadeiro compositor de musica cinematográfica "do mundo", escrevendo música para o neozelandês Niki Caro para North Country (Terra Fria, EUA, 2005); o nascido no Vietnã Tran Anh Hung, para I Come with the Rain (Fugindo do Inferno, França/Hong Kong/Irlanda, 2009); os brasileiros Salles e Daniela Thomas em Linha de Passe (2008); o alemão Joseph Vielsmaier para Nanga Parbat (2010); Ritu Sarin e Tenzing Sonam para The Sun Behind the Clouds: Tibet's Struggle for Freedon (Áustria/França/Índia/Holanda/China/EUA/Reino Unido/Alemanha, 2010); e novamente com seu amigo mexicano González Iñárritu por Biutiful, que recebeu sua première em competição no Festival de Cannes. Na Argentina, tem contribuído com o ressurgente movimento do neo-tango como promotor do coletivo Clube de Tango Bajofondo, recebendo o prêmio Konex de melhor produtor artístico do período 1995-2005, e em 2011 foi indicado para o prêmio da Academia Argentina pela co-escrita da trilha do longa San Martín: El Cruce de los Andes, 2010). Atualmente vive em Los Angeles com sua esposa Alejandra Palacios e suas crianças, Luna e Don Juan Nahuel.

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictioinary of South America. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 511-12.

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