Filme do Dia: Por Que a Água do Mar é Salgada? (1935), Yasuji Murata
Por Que a Água do Mar é Salgada? (Umi no MIzo Wa Naze Karai, Japão, 1935).
Direção: Yasuji Murata. Rot. Adaptado: Chuzo Aoji.
Um irmão mais jovem e pobre se lamenta
pois não possui arroz o suficiente para uma oferenda aos deuses na passagem do
ano. Algo que lhe é negado pelo irmão mais velho e rico que o expulsa de sua
casa. Quando sai dela testemunha um velho que quase cai de uma ponte. Ele o
ajuda a atravessa-la e ganha como recompensa pães para distribuir juntos aos
gnomos em troca de um moinho sagrado, que irá lhe atender todos os desejos. E é
isso que o irmão mais jovem faz. Agora rico e honrado, ele nega ao irmão mais
velho o acesso ao moinho. Esse, ganancioso, o rouba e parte para o mar com o
moinho. Quando descobre que entre seus mantimentos não se encontra sal, pede
que o moinho o produza. Porém, ele não sabe que para desfazer o encanto do
moinho deve girar no sentido oposto ao que girou inicialmente. O barco não
sucumbe ao peso do sal e afunda com ele, tornando a água do mar salgada a
partir da contínua operação do moinho.
Esse curta é admirável e se destaca no
panorama da produção contemporânea japonesa pela forma extremamente clara com
que narra sua fábula baseada em um conto tradicional. Desenhado em traços
realistas e de um fantástico completamente despido de animais antropomórficos
como o habitual, seu estilo simples e direto vem de encontro ao tom igualmente
claro e sem ambiguidade de qualquer conto tradicional – rememtendo, inclusive,
ao universo dos contos de Grimm e Andersen; não por acaso, já que se trata de
uma lenda que também surge em locais distintos ao Japão, como nos próprios
países nórdicos. O fato do velho que o jovem salva desaparecer logo após o seu
salvamento já aponta para uma força sobrenatural que o postou lá justamente
como meio de beneficiar o jovem infeliz. Até mesmo as incongruências dos contos tradicionais se encontram
presentes, como o fato dos gnomos não fazerem uso do moinho seja para construir
a moradia ao qual estão despendendo esforço quando encontram o jovem, seja não
pedirem tampouco ao moinho a guloseima que tanto desejam. Mais de meia década após a popularização do
cinema sonoro nos Estados Unidos, esse curta ainda é silencioso com apoio de
cartelas. Curiosamente faz uso da técnica de animação de recortes, embora
pareça bastante similar a um desenho animado convencional. Yokohama Cinema
Shokai. 9 minutos e 59 segundos.
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