Filme do Dia: 42nd St. Hood (c. 1957), Bob Mizer

 


42nd St. Hood (EUA, c., 1957). Direção: Bob Mizer. Com: Rick Spencer, Doug Scott.

A produção tosca é um dos charmes desse curta homoerótico do pioneiro Mizer, cujos gestos do ladrão para desmobilizar sua vítima fazem os já hilários apresentados em filmes produzidos, por exemplo, pela Monogram Pictures (e homenageados por Godard em Acossado, em cena semelhante) parecerem realistas. O mesmo diga-se de passagem (sem intenção de jogo de palavras) do beco que tem seu nome escrito em um simples pedaço de papel. O assaltante parece se vestir de um modo fashion gay adiante de seu tempo. A determinado momento em que o policial dá uma prensa no assaltante, esse ao se escorar no “muro” deixa evidente o quão improvisados eram os cenários, com esse balançado de forma visível, flagrante da improvisação para uma produção que tem uma representação mais realista que algumas posteriores do mesmo realizador (Cellmates, Delicate Convict, por exemplo). A nudez focada sobretudo nas nádegas, vestidas somente por uma fina tira quase incolor só surge já com metade do filme em andamento, quando o policial pede que o criminoso dispa toda a sua roupa. Porém, como quase sempre, Mizer tinha uma postura subversiva em relação ao establishment, e ao fazer com que o criminoso roube a arma do policial, ao mesmo tempo que inflige a esse a mesma humilhação sofrida, propicia ao espectador ao qual essa produção era direcionada, a chance de testemunhar o strip-tease do policial, por mais que seu triunfo seja provisório. A seguir, a inevitável cena de luta com os dois já praticamente nus, elemento praticamente indispensável em toda sua produção inicial e, ainda mais que algumas de suas produções da primeira metade dos anos 60, fica-se literalmente a um fio de se observar partes da genitália dos atores. Os atores riem abertamente em cenas que seriam pretensamente tensas e Spencer sorri, de forma aparentemente para disfarçar seu constrangimento, igualmente em outra marca registrada do realizador, o plano final em que os atores surgem com a própria placa, apontando para seus nomes.  ATG. 10 minutos.

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