Filme do Dia: Romy - Portrait eines Gesichts (1967), Hans-Jürgen Syberberg

 


Romy – Portrait eines Gesichts (Al. Ocidental, 1967). Direção e Rot. Original: Hans-Jürgen Syberberg.

Nesse documentário realizado para a tv, tendo como mote a atriz austríaca Romy Schneider (1938-1983), Syberberg pode se encontrar longe dos arroubos característicos de suas obras autorais mais marcantes posteriores, mas longe tampouco do convencionalismo. Algo que pode ser rapidamente constatado, quando na subida de um teleférico de uma estação de esqui se observa sobreposições das ruas de Paris, cidade sobre a qual Romy discorre sobre seu cotidiano quando lá se encontra em apartamento alugado, lembrando-se sobretudo da parca vida social vivida lá. Ou ainda quando passa algo como 3 minutos sem qualquer diálogo ou comentário do narrador – no caso, o próprio Syberberg, também observado na banda visual, chegando na casa de Schneider e partindo com ela de carro para a estação de esqui ou conversando com ela à beira da lareira. Essa relação entre sons e comentários que levam a temporalidades distintas, e imagens idem, aproxima o filme de uma jornada semelhante a representação de um fluxo de consciência.  Mesmo Schneider falando com relativa franqueza sobre seus medos e apresentando uma relação de admiração  e ao mesmo tempo temor de ficar com pânico pelo teatro e também em relação ao maior sucesso de sua carreira e que a pôs no mapa do cinema, Sissi, quando ela fala de seu ódio pelo star-system não deixa de soar grandemente irônico, diante de um documentário longo totalmente dedicado a sua pessoa – Syberberg havia realizado três curtas anteriormente dedicados ao ator Fritz Kortner. Ele aproveita o momento em que Schneider se detém em um longo monólogo sobre seu desejo de atuar em uma peça moderna, mas da impossibilidade de atuar em uma de Shakespeare e do temor maior de enfrentar os palcos falando a sua própria língua que numa peça em Paris e se detém em detalhes como uma vela quase ao final ou as mãos crispadas assim como a face de atriz a se atormentar. Sua experiência com Welles em O Processo vem à tona, assim como os ícones do star-system que ela acredita terem realmente poder (Loren, Brando, etc.) sobre suas carreiras e com quem se compara negativamente. A versão integral do mesmo conta com cerca de 40 minutos a mais. Houwer Film. 50 minutos.

 

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