Filme do Dia: Capitães de Areia (2011), Cecília Amado & Guy Gonçalves
Capitães de Areia (Brasil/Portugal,
2011). Direção: Cecília Amado & Guy Gonçalves. Rot. Original: Cecília Amado & Hilton
Lacerda, a partir do romance de Jorge Amado. Fotografia: Guy Gonçalves. Música:
Carlinhos Brown. Montagem: Eduardo Hartung. Dir. de arte: Adrian Cooper.
Figurinos: Marjorie Gueller. Com: Jean Louis Amorim, Ana Graciela, Roberio
Lima, Israel Gouvea, Paulo Abade, Marinho Gonçalves, Ana Cecília, Jussilene
Santana.
Pedro Bala
(Amorim) é um garoto que vive de pequenos furtos e da amizade que leva com
outros garotos, conhecidos como “capitães de areia”, pelas ruas de Salvador.
Certo dia, junta-se ao grupo, apesar da rejeição inicial, uma garota Dora
(Graciela), que com o tempo passa a se vestir como garoto e participar de todas
as ações deles. Juntamente com Professor (Lima), o mais intelectualizado do
grupo e único que sabe ler, o deficiente físico Sem Pernas (Gouvea), Gato
(Abade) e Querido de Deus (Gonçalves) vivenciam aventuras, enfrentam uma gangue
rival, quando Bala e Dora acabam sendo presos e enviados para os respectivos
reformatórios masculino e feminino. Quando sai do reformatório, onde passa por
inúmeras humilhações, Bala vai buscar Dora com os amigos. Ela se encontra
enferma, mas eles a levam do convento onde funciona o reformatório. Bala faz
amor com ela, mas quando acorda a encontra morta.
Algo como miséria
& Bahia empacotados num visual sub-Cidade
de Deus, no qual a ausência efetiva de preocupação social daquele se soma a
ausência de talento para elaboração de uma narrativa e visualidade impactantes
do filme de Meirelles. Soçobram clichês e interpretações inconvincentes nada
distantes da teledramaturgia nacional, assim como uma utilização oportunista de
locações que dão o “incenso realista”. Talvez, mais complicado que tudo
apontado, seja a própria abstração do momento histórico no qual o enredo se
situa, pervasivamente diluído entre uma menção ao tempo histórico do romance
(os carros de época) mesclado a uma atitude tanto na forma de comportamento dos
personagens, como na trilha musical e no estilo visual, que acena mais que um
flerte com o contemporâneo. Porém, mesmo tais combinações, caso efetuadas com
mais consciência e objetivo, teriam rendido mais. Não é o caso. Fica-se com as
soluções fáceis de uma certa “baianidade” brejeira, reforçada pelo comentário
do Professor, à guisa de um substituto menos convencional e mais subjetivo (e
igualmente fácil) para os letreiros que apontam para o futuro dos personagens.
Lagoa Cultural & Esportiva/ICA/MGN Filmes/Maga Filmes para Imagem Filmes.
96 minutos.
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