Filme do Dia: Redes (1936), Fred Zinnemann & Emilio Gómez Muriel

 


Redes (México, 1936). Direção: Fred Zinnemann & Emilio Gómez Muriel. Rot. Original: Emilio Gómez Muriel, Henwar Rodakiewicz & Fred Zinnemann, baseado no argumento de Paul Strand e Augustín Velázquez Chávez. Fotografia: Paul Strand. Música: Silvestre Revueltas. Montagem: Emilio Gomez Muriel & Gunther von Fritsch. Com: Silvio Hernandez, David Valle González, Rafael Hinojosa, Antonio Lara, Miguel Figueroa.

Pescador (Hernandez), após anos de exploração pelos atravessadores do pescado e da morte de seu filho, transforma-se em líder da comunidade.  Porém, a mesma divide-se entre os que lhe seguem e os que preferem ouvir as promessas políticas de um candidato, que busca auxílio financeiro para sua campanha junto ao proprietário da empresa de pesca. Em meio a um conflito entre os dois grupos, que resulta em briga generalizada, o político aproveita a oportunidade para atirar no líder. Os pescadores o levam. O grupo de oposição acaba seguindo-os e lhes oferecendo o que receberam e, após constatarem a morte do líder, unindo-se para ir enfrentar os donos do poder.

Esse filme-manifesto procura, de forma extremamente didática, apresentar questões relativas a exploração, conscientização e luta de classes. Precursor do Neorrealismo, ao utilizar-se de locações reais, atores não profissionais e temática social, torna-se, conscientemente ou não, um pungente retrato de uma comunidade pesqueira que possui muitas semelhanças com a realidade brasileira, seja na sua forma de organização econômica ou mesmo na forma de se vestirem e nas técnicas utilizadas para a pesca. Seu didatismo também lhe impõe um rígido esquematismo, em  que questões complexas como o paternalismo típico das elites em comunidades tradicionais findam por não serem contempladas, preferindo-se um maniqueísmo de mais fácil apelo. Assim, o proprietário da companhia de pesca não adianta uma quantia mínima que seja para salvar o filho do futuro líder. Ao mesmo tempo, conscienciosamente se esquiva de apresentar o resultado final da união dos trabalhadores. Provavelmente influenciado por Eisenstein – as cenas das canoas aproximando-se da praia, ao final, possuem, ainda que em menor escala, um tom épico próximo do Encouraçado Potemkin - que filmou Que Viva México!, alguns anos antes, provavelmente influenciaria É Tudo Verdade (1942) de Welles, também podendo ser traçados paralelos com filmes que retratam comunidades pequeiras e foram igualmente influenciados por idéias marxistas como A Terra Treme(1948) de Visconti e Barravento (1962), de Gláuber Rocha. Azteca Films/Secretaría de Educación Pública. 65 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng