Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#70: La Escuela Documental de Santa Fé
LA ESCUELA DOCUMENTAL DE SANTA FÉ (Argentina). Em seu retorno à Argentina, vindo da Europa, Fernando Birri tencionava erigir uma escola de cinema nos moldes do Centro Sperimentale del Cinema. Ele decidiu evitar Buenos Aires, o centro da produção de cinema em seu país, reconhecendo que seria impossível liderar um "novo cinema" socialmente consciente neste contexto, e visitou a universidade onde havia estudado direito, a Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé, reconhecendo que seria uma espécie de "zona livre" para atividades não convencionais. Em 1956 foi convidado pelo Instituto de Sociologia para comandar um seminário sobre realização, que resultou em mais de cem ansiosos estudantes saindo para os arredores para realizar "fotodocumentários", utilizando câmeras fotógraficas e gravando áudios sobre os "problemas de uma das vizinhanças" (Burton, 1986, 4). Após este sucesso, um Instituto de Cinematografia foi criado dentro do Instituto de Sociologia, que eventualmente se tornaria independente sobre nome próprio, La Escuela Documental de Santa Fé. A escola foi organizada algo espontaneamente; para treinar diretores, cinegrafistas e produtores que aspiravam documentar a "realidade nacional" da Argentina, Birri escreveu um "Manifesto de Santa Fé", proclamando que realizar documentários sociais encarando a realidade diretamente era um primeiro passo na luta contra o subdesenvolvimento (Burton, 1986, p.5)
O primeiro filme que foi realizado pelos estudantes de fotodocumetarismo foi Tire Dié; ele estreou no Grande Salão da universidade, em 1959, e havia um público tão grande, que precisou ser exibido três vezes. Uma série de outras compilações e filmes colaborativos foram realizados, mas a distribuição era um problema, e uma nova lei decretando que todos os filmes de longa metragem exibidos na Argentina deveriam ser acompanhados por um curta local não foi cumprida. Também, em 1962, um filme realizado pela Escola Documental de Santa Fé, foi confiscado e banido, após ter sido exibido na Apresentação Anual de Curtas. Entre os estudantes que passaram pela escola se incluem o cinegrafista Diego Bonacina, o roteirista Jorge Goldenberg, o produtor Edgardo Pallero e o realizador político Gerardo Vallejo; e os brasileiros Manuel Horácio Giménez, Maurice Capovilla e Vladimir Herzog, que foi torturado até a morte pela ditadura militar brasileira, em 1975. Antes de renunciar a direção da escola, em 1963, Birri alinhavou uma história documental escrita da mesma em livro, La Escuela Documental de Santa Fé, publicado pela universidade em 1964. Não é claro o quanto a escola permaneceu aberta após a partida de Birri.
Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 234-35.
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