The Film Handbook#156: Tod Browning
Tod Browning
Nascimento: 12/07/1882, Louisville, Kentucky, EUA
Morte: 06/10/1962, Santa Monica, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1913-1939
Mais conhecido por Drácula/Dracula, Charles Albert Browning, para ficar com seu nome completo, é frequentemente considerado primordialmente como um diretor de horror; porém seria mais apropriado como um excêntrico grandemente imaginativo, cuja melhor obra é tipificada por seu fascínio constante com o grotesco e com o macabro.
Tendo abandonado sua casa ao final da adolescência para se unir a um espetáculo mambembe (onde aparecia como o Cadáver Hipnotizado Vivo) em 1913 Browning foi aos Estúdios Biograph enquanto ator e encontrou D.W. Griffith, que além de eventualmente tê-lo tornado assistente de Intolerância/Intolerance, encorajaou-o a escrever e dirigir. Inicialmente ele somente dirigiria seriados de aventura e melodramas rotineiros mas, em 1919, ele dirigiu Lon Chaney em The Wicked Darling, iniciando então uma associação de dez filmes que marcaria o período mais criativo de Browning. Chaney - o homem das mil faces - já era conhecido como um intérprete dedicado ao grotesco, e Browning, com seu interesse obsessivo em personagens psicologicamente deformados ou assassinos, foi seu colaborador ideal. Seus primeiros filmes notáveis, A Trindade Maldita/The Unholy Three>1, descreve o roubo de uma joalheria por um bizarro trio de artistas circenses - um homem músculo, um anão e um ventríloquo com pendor para se vestir como uma idosa. Ainda mais surpreendente foi O Monstro do Circo/The Unknown>2 no qual o atirador de facas de um circo sucumbe ao masoquismo e assassinato quando se torna obcecado por Joan Crawford, que parece relutante em aceitar os avanços físicos dos homens; para ganhar seu afeto, tem seus braços amputados, somente para descobrir o amor dela por outro. No universo de Browning, a deformidade física frequentemente reflete tormento psicológico e uma justiça selvagem e brutalmente irônica domina.
Os filmes absurdamente imaginativos com Chaney, narrativas amargas de frustração e vingança fermentadas por sombria engenhosidade, chegam ao fim com a morte do ator em 1930, inviabilizando os planos de Browning de escalá-lo para Drácula>3. Bela Lugosi se tornou o conde vampiro, emprestando sua dicção lenta e do outro mundo, dando ao papel uma qualidade estranhamente simpática. As cenas de Londres do final traem a novela de Bram Stoker, mas a melancolia mágica da sequencia de abertura na Transilvânia - o castelo sombrio ornamentado com gigantescas teias de aranha, tributo mesmérico de Lugosi às crianças da noite - certificou que a Universal (realizadores do filme) embarcaria em um extenso e influente ciclo de horror.
A obra-prima de Browning, no entanto, foi Monstros/Freaks>4, realizada para a de outro modo maliciosamente saudável MGM. Um retorno à vida no circo, narrava opressão e traição na vida de um grupo de infortunados por seus colegas mais fisicamente "normais". Apesar das "aberrações" serem reais (para evitar o sensacionalismo os de cabeça pontiaguda, retardados, gêmeos siameses e um "torso humano" são apresentados em longos planos líricos de um idílio campestre), a simpatia de Browning por seu engenho, coragem e camaradagem dá a cada plano uma integridade rara e não voyeurística. O filme foi banido, no entanto, e sua carreira nunca se recuperaria. Ele ainda dirigiria quatro filmes, dos quais somente A Boneca do Diabo/The Devil-Doll>5, permanece notável. Esse é um engenhoso thriller, co-escrito por Erich von Stroheim, observando o banqueiro Lionel Barrymore, frequentemente travestido, utilizar humanos miniaturizados para exigir vingança sobre parceiros desonestos. Desde então o excêntrico e sombrio mundo cinemático de Browning desapareceu do olhar, apesar de um último e apropriadamente macabro evento ocorrer durante a sua longa aposentadoria: um anúncio pela imprensa bastante prematuro de sua morte em 1944.
Cronologia
Os visuais chiaroescuro de Browning e seu interesse por mutilação e loucura provocam paralelos com muitos filmes expressionistas alemães. Ainda que a influência de Drácula em filmes posteriores de vampiros e de Monstros sobre O Homem Elefante/The Elephant Man de Lynch e Marcas do Destino/Mask seja inegável, seus melodramas sado-masoquistas possuem poucos verdadeiros descendentes.
Leituras Futuras
The Hollywood Professionals, Vol. 4 (Londres, 1975), de Stuart Rosenthal.
Destaques
1. A Trindade Maldita, EUA, 1925 c/Lon Chaney, Harry Earles, Victor McLaglen
2. O Monstro do Circo, EUA, 1927 c/Lon Chaney, Joan Crawford
3. Drácula, EUA, 1931 c/Bela Lugosi, Helen Chandler, Edward Van Sloan
4. Monstros, EUA, 1932, c/Harry Earles, Olga Baclanova
5. A Boneca do Diabo, EUA, 1936 c/Lionel Barrymore, Maureen O'Sullivan
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 39-40.
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