Filme do Dia: Mais Forte Que Bombas (2015), Joachim Trier

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Mais Forte Que Bombas (Louder than Bombs, Noruega/França/Dinamarca, 2015). Direção: Joachim Trier. Rot. Original: Joachim Trier & Eskil Vogt. Fotografia: Jakob Ihre. Música:  Olivier Bugge Cotté. Dir. de arte: Molly Hughes & Gonzalo Cordoba. Cenografia: Michelle Schluter-Ford. Figurinos: Emma Potter. Com: Gabriel Byrne, Isabelle Huppert, Jesse Eisenberg, Devin Druid, Megan Ketch, Amy Ryan, David Strathairn, Ruby Jerins.
Viúvo da famosa fotógrafa de guerra Isabelle (Huppert), Gene (Byrne), tem que lidar com a iminente reportagem a sair no New York Times a respeito da causa verdadeira da morte da esposa, suicídio. Algo que o filho mais velho, Jonah (Eisenberg), recém-contratado professor de sociologia já sabe, mas que o mais novo e passando por momentos emocionais mais conflituosos, Conrad (Druid), não. Além de que a matéria foi escrita pelo amante ocasional de Isabelle, Richard (Strathairn), com quem Gene mantém uma relação nos limites da cordialidade.
Primoroso não apenas na forma relativamente recatada em que expõe um tema que caberia como uma luva ao melodrama rasgado como na forma igualmente virtuosa com a qual elabora, em temporalidades sobrepostas, a sua própria narrativa. Fundamental para seu intento é o afinado trabalho do elenco como um todo, com destaque para a participação relativamente modesta de Straitharn e para o quase sempre impávido Gene de Byrne. A tensão se encontra latente ao longo do filme, mas não ocorre momentos de explosão emocional como seria de se esperar por parte de um drama convencional vinculado ao tema, descontando a relativamente contida de Gene para com Conrad. Destaque para o momento em que o texto-carta de intenções de Conrad em relação ao mundo é ilustrado por imagens as mais diversas, trabalhando com felicidade a personagem de um adolescente contemporâneo sem cair no reducionismo mas tampouco sem deixar de apresentar pontos bastante em comuns com qualquer adolescente de sua idade, como é a paixão por jogos. Há sempre o risco do exercício virtuoso de realização ofusque ou neutralize o próprio drama representado, tornando-o um anódino exercício algo formalista e, pior que isso, o final, mesmo longe da tradicional catarse em relação às barreiras emocionais desses três homens, sinaliza para uma reconfiguração mais pacífica entre o pai e Conrad, como que deixando implícito que o fato do segundo não ter acesso à verdade, sonegado pelo primeiro como mecanismo de proteção, era o principal obstáculo para que relação fluísse de forma mais espontânea. O fato de se tratar de uma produção internacional baseada em Nova York, também faz com que qualquer cor local praticamente se dissipe. Por outro lado, seu caráter fragmentário, indo e voltando no tempo, em relação ao passado mais próximo e distante, ao mesmo tempo que ressalta com sutileza alguns dos dramas paralelos vividos pelos personagens, como é o caso de Jonah se dar conta de que havia cometido um erro de se unir a sua recém-casada esposa ao reencontrar o que aparenta ser o amor mais marcante de sua vida, destaca igualmente o importante papel da montagem. Motlis/Animal Kingdom/Arte France Cinéma/Bona Fide Prod./Memento Films/Nimbus Film Prod. 109 minutos.


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