Filme do Dia: Corpos Celestes (2009), Marcos Jorge & Fernando Severo



Corpos Celestes (Brasil, 2009). Direção: Marcos Jorge & Fernando Severo. Rot. Original: Carlos Eduardo de Magalhães, Marcos Jorge, Mario Lopes & Fernando Severo. Fotografia: Katia Coelho. Montagem: Caio Cobra & Mark Robin. Dir. de arte: Daniel Marques. Figurinos: Zenor Ribas. Com: Dalton Vigh, Rodrigo Cornelsen, Antar Rohit, Carolina Holanda, Jeff Beach, Alexandre Nero.
Chiquinho (Cornelsen) é um menino de família humilde do interior do Paraná, cuja amizade com o excêntrico americano Richard (Rohit), faz-lhe despertar a curiosidade pelos astros – Richard, um veterano da Guerra do Vietnã, não possui outra relação social na cidade que o garoto, encontrando-se ocasionalmente com prostitutas.  A crescente depressão de Richard o leva ao suicídio e seu corpo é encontrado por Chiquinho no dia em que o Brasil triunfa na Copa do Mundo de 70.  Mais de 40 anos após, Francisco (Vigh), reconhecido professor universitário de astronomia de destaque internacional se envolve com a misteriosa Diana (Holanda), anfitriã de uma casa noturna e recebe a inesperada visita do filho de Richard, Greg (Beech). A partir da chegada de Greg, seu relacionamento e sua aparente estabilidade emocional são postas em xeque. Greg, que não sabia do suícidio do pai, convence Francisco e Diana a viajaram com ele para o interior.

Por mais interessante que possa parecer diante da pausterização contemporânea que acompanha quase invariavelmente a produção nacional, e com um desempenho mais razoável por parte de seu ator infantil do que da maior parte do elenco adulto (especialmente a interpretação over de Holanda, o filme é extremamente prejudicado pela falta de domínio do tempo em boa parte de suas atuações e, ainda pior, por uma tentativa de soar moderno que mais parece querer remediar a própria precariedade de um roteiro frágil e repleto de clichês. Para citar apenas o mais evidente, a mais que óbvia cena da morte de Richard, culminando justamente no momento em que toda a cidade festeja em uníssono a vitória da seleção. As elipses que acompanham os desaparecimentos misteriosos da garota com que Francisco se envolve e sequer sabe exatamente o nome, assim como a possibilidade de que ela se encontre emocionalmente envolvida com Greg, ao menos enquanto observada pelos olhos do protagonista, algo Bentinho a la Dom Casmurro, soam tão gratuitas quanto a virtuosidade em que apresenta, a determinado momento, um relativamente extenso movimento de câmera sem corte ou os belos efeitos gráficos que chegam quase a transformar, a determinado momento, Francisco numa espécie de ser alado a partir das equações que o acompanham no dia a dia . Talvez suas fragilidades se tornem ainda mais acentuadas com a narrativa contemporânea, sendo que os créditos do filme somente ocorrem antes do início dessa e quando pelo menos um terço do filme já ocorreu. E, para selar de vez o seu tom algo preciosista, algo pretensioso, ocorre a cena final em que Francisco, literalmente esmigalha o telescópio que havia guardado como recordação do amigo morto, numa evidente alusão  a célebre cena de 2001 e igualmente aparentando selar, de forma bastante inconsistente, sua ruptura com os fantasmas do passado. Zencrane Filmes. 100 minutos.

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