Filme do Dia: A Hipótese do Quadro Roubado (1979), Raoul Ruiz
A Hipótese do Quadro Roubado (L'Hipothèse du Tableau Volé, França, 1979). Direção: Raoul Ruiz. Rot. Original: Raoul Ruiz & Pierre
Klosowski. Fotografia: Sacha Vierny. Música: Jorge Arriagada. Montagem: Patrice Royer. Dir. de arte: Bruno Beaugé. Figurinos: Rosein Venin. Com: Jean Rougeoul, Carlos
Asorey, Corinne Berjot, Bernard Daillencourt, Daniel Grimm, Dominique
Lambertini, Daniel Musa, Jean Narboni. Jean Reno.
Um
critico e colecionador de arte (Rougeoul) passeia por uma série de quadros
polêmicos, que chegou a ser banida em sua época, procurando resolver um enigma
que ela propõe. Ruiz efetivou uma das mais interessantes incursões ao universo
da pintura já efetivados pelo cinema. Aqui tal enigma não somente serve de
pretexto para que o protagonista, com auxílio de um narrador off, emita arguciosos comentários sobre
as obras em questão, como ao mesmo tempo passeie por entre elas, revividas como
tableau vivants. Ruiz ao mesmo tempo
apresenta a própria influência da pintura, e particularmente do tableau em seu cinema. Iluminação,
enquadramento, gestualidade, cor são os destaques à princípio, porém
posteriormente o colecionador começará a digressar igualmente sobre as
narrativas que podem ser compostas na fundamentação da hipótese que dá título
ao filme. Ruiz traz para primeiro plano a dimensão pictórica presente em filmes
de cineastas como Pasolini ou Jarman. Ao contrário de Greenaway, com quem
compartilha os efeitos de iluminação e fotografia soberbos do fotógrafo Vierny,
Ruiz apresenta tudo de modo bastante ascético, compatível com o tom acadêmico
dos comentários de seu protagonista, numa dimensão didática completamente distinta da do cineasta
britânico. O resultado final, no entanto, é plenamente compensador, mesmo que
pouco condescendente para com um público mais acostumado a propostas narrativas
mais convencionais. INA. 66 minutos.
Comentários
Postar um comentário