Filme do Dia: Com os Minutos Contados (1969), Robert Alan Aurthur

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Com os Minutos Contados (The Lost Man, EUA, 1969). Direção: Robert Alan Aurthur. Rot. Adaptado: Robert Alan Aurthur, a partir do romance  de Frederick Laurence Green. Fotografia: Gerald Perry Finnerman. Música: Quincy Jones. Montagem: Edwad Mann. Dir. de arte: Alexander Golitzen & George C. Webb. Cenografia: John P. Austin & John McCarthy Jr. figurinos: Edith Head. Com: Sidney Poitier, Joanna Shimkus, Al Freeman Jr., Michael Tolan, Leon Bibb, Richard Dysart, David Steinberg, Beverly Todd.
Jason Higgs (Poitier), militante negro, planeja o assalto que tem como fim pagar a fiança de 75 companheiros que se encontram presos. Ferido, ele se esconde da polícia com o auxílio da assistente social Cathy (Shimkus), por quem se apaixona e ajuda do fiel amigo Dennis Lawrence (Freeman Jr.). No entanto, o Inspetor Hamilton (Tolan) se encontra em seu encalço.

Como as primeiras imagens do filme demonstram, inclusive as primeiras em que surgem Poitier, o que o filme infelizmente deixa evidente é que após o pique do sucesso em 1967, a carreira de Poitier infelizmente sofreu um irreversível declínio em produções como essa, dirigida pelo roteirista de um dos filmes mais interessantes com o ator (Um Homem Tem Três Metros de Altura). Aqui, tanto o descuido e a casualidade da estética visual como em geral as interpretações pífias e a imagem do próprio Poitier, parecem mais em dívida com qualquer série de TV barata ou filiado ao cinema de blackexpotation, demonstrando igualmente a corrosão de sua imagem de integração racial que lhe havia sido indispensável em seus dias de glória. Com a impossibilidade dessa ser pensada no contexto contemporâneo, e com o próprio Jason Higgs fazendo mofa de um discuso bíblico e visionário ao estilo de Luther King, já então morto e, colateralmente, apontando para algo similar de sua própria persona cinematográfica, o que sobra é uma aproximação da militância, porém não pelo eixo positivo e sim pelo eixo da criminalidade, única forma/fórmula que parece ser encontrada para satisfazer o apetite de um cinema de entretenimento. A própria imagem amistosa e o sorriso fácil de Poitier é aqui retrabalhada para seu extremo oposto, sendo ele econômico em simpatia, e negando sorrir até mesmo para a criança com que se depara por acaso ao olhar para a janela. E, como se não fosse o suficiente, há uma alusão direta ao personagem ter traçado uma trilha de apoio a não-violência que cabe como uma luva ao ator, devidamente implodida pelas inúmeras prisões ao qual foi submetido. Após ter sido imolado, simbólica ou mesmo mortalmente ou envolvendo risco fatal  (notadamente em O Ódio é Cego, Um Homem Tem Três Metros de Altura) como sacríficio aos brancos e a sua integridade, mais moral que física, aqui chega a vez de uma mulher branca previsivelmente se sacrificar por ele. Difícil competir com a canastrice de Nolan como inspetor policial. A versão oficial é dez minutos mais longa. Uma adaptação  da mesma obra já havia sido efetivada por Carol Reed se tornando o clássico Condenado (1947). Shimkus se tornaria a futura esposa de Poitier. Universal Pictures. 112 minutos. 

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