Filme do Dia: E as Chuvas Chegaram (1939), Clarence Brown


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E as Chuvas Chegaram (The Rains Came, EUA, 1939). Direção: Clarence Brown. Rot. Adaptado: Philip Dunne & Julien Josephson, baseado no romance The Rains Came, de Louis Bromfield. Fotografia: Arthur C. Miller. Música: Alfred Newman. Montagem: Barbara McLean. Dir. de arte: William S. Darling & George Dudley. Cenografia: Thomas Little. Figurinos: Gwen Wakeling. Com: Myrna Loy, Tyrone Power, George Brent, Brenda Joyce, Nigel Bruce, Maria Ouspenskaya, Joseph Schildkraut, Mary Nash, Jane Darwell.
Lady Edwina Esket (Loy), conhecida por sua fama de namoradeira, apaixona-se pelo filho de sua anfitriã, Dr. Safti (Power). Sua mãe, Maharani (Ouspenskaya), a mulher mais poderosa de Ranchipur, pretende que o filho permaneça devotado somente ao poder que irá herdar com sua morte. O amor de Edwina surge quando ela trabalha no hospital, ajudando os milhares de feridos do terremoto que provocou uma grande enchente e calamidade pública. O beberrão milionário Thomas Ransome (Brent), por sua vez, corresponde ao amor da jovem Fern (Joyce), que salvara da inundação. Enquanto o amor de Edwina não se concretiza, ela morrendo de uma doença contagiosa nos braços de seu amado, Ransome se une com Fern e ambos assistem a cerimônia que celebra o novo marajá de Ranchipur.

Novamente filmado uma década e meia após em cores por Jean Negulesco, essa produção talvez guarde menos semelhanças que divergências com a segunda adaptação do romance. A maior semelhança fica por conta das cenas de catástrofe, com maquetes e planos bastante próximos, ainda que talvez a sua presença em menor conta aqui tenha sido uma opção mais sábia, no sentido de que os efeitos especiais aqui provocam até mesmo um maior impacto em termos de verosimilitude que no filme de Negulesco. Duas diferenças se tornam gritantes, uma vinculada a uma representação mais geral das culturas em questão, outra no plano afetivo. No primeiro caso se trata da opção por um menos explícito enfrentamento entre os valores modernos e os de uma cultura tradicional e, principalmente, pela vitória da tradição sobre a modernidade – enquanto na versão em cores, a Edwina de Negulesco não apenas não morrerá, como ainda incutirá no jovem Safti a semente para sua libertação potencial das garras de uma mãe extremamente possessiva; aqui, pelo contrário, Edwina não chega a ter nenhum enfrentamento e quase  nenhum contato com sua rival Maharani, personagem aliás que aqui detém um poder incomensuravelmente maior, ainda que menos presente na narrativa. No plano melodramático, ocorre aqui a supressão do “marido de conveniência” de Edwina, ousadia permitida ao filme de Negulesco quase impossível de ser imaginada numa época em que o Código Hays ainda era muito mais vigilante, sendo que a relação do casal chega a ser secundarizada diante do casal Ransome/Fern. Mesmo com uma Edwina mais próxima dos padrões de virtude das heroínas da época, longe da ambigüidade do personagem vivido de maneira bem mais interessante por Lana Turner, não há como não destacar a interpretação vivida por Tyrone Power como bem mais comedida e menos caricata que a máscara praticamente impassível e distante que caracteriza o rosto de Richard Burton na segunda versão. 20th Century-Fox. 103 minutos.

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