Filme do Dia: Florence: Quem é Essa Mulher? (2016), Stephen Frears

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Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, Reino Unido, 2016). Direção: Stephen Frears.  Rot. Original: Nicholas Ferguson. Fotografia: Danny Cohen.  Música: Alexandre Desplat. Montagem: Valerio Bonelli.  Dir. de arte: Alan MacDonald, Gareth Cousins, Patrick Rolfe & Christopher Wyatt. Figurines: Consolata Boyle. Com: Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Rebecca Ferguson, Neve Gachev, Nina Arianda, John Kavanagh, David Haigh.
Nova York, 1943. Florence Foster Jenkins (Streep) tem pretensões como cantora lírica, que seu marido, St.Clair Bayfield (Grant) consegue abafar comprando suas reduzidas plateias e igualmente os críticos. Ele chama para ser seu companheiro de palco, o pianista gay Cosme McMoon (Helberg) que gosta do dinheiro que recebe mas muito pouco da exposição de se apresentar com alguém tão completamente fora do tom. A situação se complica quando, dado o burburinho que uma gravação de Florence com Cosmo nas rádio  enquanto St. Clair se encontrava viajando com sua amante Kathleen (Ferguson), esse fica sabendo que Florence está com uma apresentação marcada para os militares no Carnegie Hall, templo da música clássica nova-iorquino.

É impossível não se pensar em outra produção contemporânea (Marguerite), igualmente baseada em fatos reais e também centrada na expectativa com relação a descoberta ou não da verdade por parte de sua protagonista, protegida com o véu da complacência, ao mesmo tempo de uma forma ou outra  havendo algo como um “suborno” àqueles que a rodeiam. Tampouco se pode deixar de observar, em maior ou menor grau, pitadas de misoginia, sobretudo aqui, com relação à figura feminina, evidente no momento em que a Florence de Streep canta sobre uma figura esbelta que é o completo oposto de sua roliça figura matronal. Tal, como na produção francesa, a verdade súbita sobre a baixa qualidade de seus dotes artísticos é seguida pela morte de ambas, a selar o que se afirmava a respeito do canto ser o sopro de vida que as segurava (não apenas o canto, evidentemente, mas o pacto tácito com a mentira sobre o mesmo). O filme de Frears, no entanto, mais enxuto em termos de personagens e situações, sai-se melhor em termos de narrativa. E, como produção certamente  mais luxuosa que sua contraparte europeia, efetiva uma reconstituição de época de Nova York que não dispensa uma digitalização de imagens, efetivada sem excessos. É, ao final de contas, mais sentimental igualmente, algo que se evidencia mais que nunca no momento em que Florence, tal e qual uma heroína de um filme de Chaplin ou a pequena vendedora de fósforos de tantas versões cinematográficas, revive de forma fantasiosa sua própria apresentação diante do anjo da morte. E Streep igualmente enche os olhos de lágrimas com a facilidade que atores se despem numa produção erótica. Uma virtude sua, sem dúvida, é, talvez dada ao caráter algo nota de rodapé que a figura de Florence representou, e da brevidade de sua fama, não se investir nas sempre presentes celebridades da época, aqui restritas a Cole Porter, Talullah Bankhead e Arturo Toscanini (e que, na produção francesa se restringe a menções a Charlie Chaplin).  Qwerty Films/Pathé Pictures Int./BBC Films. 110 minutos.

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