Filme do Dia: Canções de Amor (2007), Christophe Honoré

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Canções de Amor (Les Chansons d´Amour, França, 2007). Direção e Rot. Original: Christophe Honoré. Fotografia: Rémy Chevrin. Música: Alex Beuapain. Montagem: Chantal Hymans. Dir. de arte: Samuel Deshors. Figurinos: Pierre Canitrot. Com: Louis Garrel, Ludivine Sagnier, Chiara Mastroianni, Clotilde Hesme, Grégoire Leprince-Ringuet, Brigitte Röuan, Alice Butaud, Jean-Marie Winling, Yannick Renier.
Ismaël vive uma relação a três com sua namorada Julie (Sagnier) e Alice (Resme). Certa noite os três vão a um bar e Julie passa mal e falece subitamente. Ismaël, confuso e deprimido, vai morar no apartamento do então namorado de Gwendal (Renier), onde o irmão do namorado dela, Erwann (Leprince-Ringuet) apaixona-se por ele. Ao mesmo tempo, a irmã mais velha de Julie, Jeanne (Mastroianni), sente-se na obrigação de ter uma atenção maior com Ismaël, o que por vezes o irrita.  Afastando-se de Gwendal, Ismaël resiste por um bom tempo aos assédios de Erwann, mas decide dormir com ele.  O envolvimento de ambos surpreende Jeanne, que chega um dia no apartamento e os flagra na cama. Após uma noite de bebedeira e solidão, no qual evitara Erwann, Ismaël é incitado a tomar uma posição no relacionamento de ambos.

É interessante o modo como Honoré consegue ir além da inicial aparente gratuidade de seus enredos para tocar no ponto dos sentimentos com uma sensibilidade que, mesmo longe de tão original assim, apresenta uma faceta própria, com toda a evidente influência do cinema francês produzido nos anos 1960 – aqui, notadamente Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), apesar da referência evidente a Jules e Jim e do intenso interesse visual em Paris, característica comum de praticamente todos os realizadores da Nouvelle Vague. Como o filme de Demy, faz-se uso de canções quase faladas, que conseguem expressar boa parte dos sentimentos submersos das personagens, ainda que não de modo tão radical como em Demy, que simplesmente abole os diálogos.  Mesmo que exista alguma fração de ironia no modo como apresenta as situações, pode-se perceber que há um desejo genuíno de lidar com a expressão afetiva que remete muito mais a Demy do que ao pastiche desinteressante efetuado por um François Ozon. Apesar disso, Honoré o faz com um estilo visual bastante peculiar, mais realista e nada semelhante a forte “cenografia” que Demy construía a partir de lugares reais e cores quentes, no qual predomina os tons azulados. A interpretação de Garrel, muso do realizador (também presente em Em Paris), como há de todo o elenco, senão chega a derrapar tampouco é motivo de destaque, o que talvez sirva aos propósitos de um realizador que parte de um evidente distanciamento – inclusive no modo como descreve a morte de Julie – para surpreender pelo modo que acaba envolvendo, de modo quase imperceptível, em sua trama. Talvez chame a atenção Chiara Mastroianni, com um rosto cada vez mais semelhante ao de seu célebre pai, vivendo uma Jeanne quase resignada na aceitação da ausência de amor. Alma Films/Flach Film/CNC/Canal+/Ciné Cinémas/Cofinova 3/Cofinova 4/Coficup/Backup Films para Bac Films.  100 minutos.

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