Filme do Dia: O Estranho com uma Mulher (1966), Mikio Naruse
O Estranho com uma Mulher (Onna no Naka ni iru Tanin, Japão, 1966).
Direção: Mikio Naruse. Rot. Adaptado: Toshiro Idê, baseado no romance de
Edouard Atiyah. Fotografia: Yasumichi Fukuzawa. Música: Hikaru Hayashi.
Montagem: Hideshi Ohi. Dir. de arte: Satoshi Chuko. Com: Keiju Kobayashi,
Michiyo Aratama, Mitsuko Kusabue, Tatsuya Mihashi, Akiko, Wakabayashi, Daisuke
Katô, Toshio Kurosawa, Hisao Toake.
Isao Tashiro (Kobayashi) se encontra cada vez mais tenso
após a descoberta que a esposa de seu melhor amigo, Sayuri (Wakabayashi) foi
assassinada. A tragédia da família vizinha começa a fazer sombra também na
família Tashiro. Isao confessa a mulher, Masako (Aratama), que era amante de
Yumiko. Seu crescente isolamento e tensão nervosa o levam a passar uns dias em
um spa, onde conta a esposa que ele matara Yumiko em meio as brincadeiras
amorosas que ela mesma propôs. Mesmo se sentindo aliviado por agora
compartilhar seu segredo com a esposa, Isao não se livra da culpa. Tendo
pesadelos e fazendo uso de soníferos ele conta tudo para o viúvo de Yumiko e
seu melhor amigo, Ryukichi (Mihashi), que reage relativamente bem a sua
confissão e afirma que já pensara ter sido ele o criminoso. Ainda assim, Isao
não se sente em paz consigo mesmo e decide que vai se entregar à polícia, mesmo
que outro homem tenha sido acusado da morte. Sua esposa durante semanas tenta
demovê-lo da idéia, pensando em qual seria o destino dela, das crianças e da
mãe dele. Quando ela vê que realmente nada o demoverá da idéia, decide
envenená-lo, simulando suicídio.
Bastante distante do seu universo habitual e enveredando
decepcionantemente por um drama que apesar de ir além do motivo do suspense –
mais ressaltado ainda por sua soturna fotografia em p&b, quando Naruse já
havia realizado anteriormente filmes em cores – e tentar se centrar na trágica
angústia de seu personagem principal, finda por de fato não efetivar nem uma
coisa nem outra plenamente. Talvez essa seja uma das raras vezes em que Naruse
abriu mão de explorar o universo feminino que foi marca registrada de sua
profícua carreira. O resultado final soa bem menos envolvente do que seus
contidos filmes centrados no cotidiano ou mesmo nos melodramas de amores
impossíveis mais passionais. Talvez por conta de não conseguir desenvolver
emocionalmente seu personagem masculino à altura das heroínas habituais o filme
não gera nem uma empatia pela angústia do personagem nem muito menos nenhuma
expectativa maior enquanto suspense.Toho Co. 102 minutos.
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