Filme do Dia: Sonhos de Poeira (2006), Laurent Salgues
Sonhos
de Poeira (Rêves de Poussière,
França/Canadá/Burkina Faso, 2006). Direção e Rot. Original: Laurent
Salgues. Fotografia: Crystel Fournier.
Música: Jean Massicotte & Mathieu Vanasse. Montagem: Annie Jean. Dir. de
arte: Bill Mamadou Traoré. Figurinos: Martine Somé. Com: Makena Diop, Adama
Ouédraogo, Rasmané Ouédraogo, Souleymane Souré,
Fatou Tall-Salgues, Joseph B.Tapsoba.
Mocktar (Diop), imigrante nigeriano que vai
buscar trabalho nas minas no nordeste de Burkina Faso se depara com uma
realidade brutal, em que a morte por asfixia ocorre com regularidade. Mocktar
sente atração pela bela e jovem Coumba (Tall-Salgues) e retorna a mina, mesmo
contra a indicação de todos, e ajuda a salvar Thiam (Ouédraogo) da morte.
Encontrando uma pepita, que é dividida com o restante da equipe, mas sobretudo
com o líder, Mocktar sela o caminho para, com a partida do líder, Thiam se torne
o novo líder. Ele auxilia a que Coumba tenha dinheiro o suficiente para ir
embora com sua filha – que pretende ver educada em Paris – enquanto Thiam também
decide partir, pois não consegue lidar bem com a situação de mofa constante de
seus ex-parceiros.
Único filme do realizador uma década após o seu
lançamento, e contando com valores de produção superiores aos que os
realizadores africanos, mesmo os mais afamados – a exceção talvez de um Rachid
Bouchareb – possui, deixa a desejar, no entanto, em muitos aspectos. Ficando a
meio caminho entre o aberto tom romanesco cuja chave é a de Bouchareb (Dias de Glória) e uma produção de
pretensões mais autorais, inclusive fazendo uso de algumas opções associadas
com esse, como o afastamento de excessos melodramáticos, recusa ao
sentimentalismo, final em aberto, recusa em apostar por completo na estratégia
da relação amorosa, etc. Porém, o resultado final soa emblemático de algo como
um drama local de pretensões universais empacotado em um invólucro de
qualidade, mas esvaziado ao não conseguir de fato decolar, faltando a singeleza
que propostas menos pretensiosas e infinitamente mais interessantes (como Samba Traoré), potencialmente mais
realista e deixando de fora os arquétipos de Ouedraogo. Se Diop consegue
assegurar com bravura a postura melancólica e o polimento não excessivo de seu
personagem em relação ao seu meio (inicialmente não bebe, usa as drogas
habituais que amenizam os efeitos da pressão nas minas, possui um olhar
reprovador as facilidades de
acesso as mulheres por parte de alguns colegas) e o seu elenco de apoio em
geral o mesmo não pode ser dito da inexpressiva interpretação e figura feminina
elaborado na personagem de Coumba. Athénaise/ACPAV/Sahélis Prod. 86 minutos.
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