Filme do Dia: Hienas (1992), Djibril Diop Mambéty


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Hienas (Hiènes, Senegal, 1992). Direção: Djibril Diop Mambéty. Rot. Adaptado: Djibril Diop Mambéty, a partir da peça de Friedrich Dürrenmatt. Fotografia:  Matthias Kälin. Música: Wasis Diop. Montagem: Loredana Cristelli. Figurinos: Oumou Sy. Com: Mansour Diouf, Ami Diakhate, Djibril Diop Mambéty,  Calgou Fall, Faly Gueye, Mamadou Mahourédia Gueye, Issa Ramagelissa  Samb.

Numa comunidade que outrora fora próspera mas agora passa por várias dificuldades, o retorno de uma mulher lá nascida, agora milionária, Madame Drameh (Gueye) suscita o interesse de todos. Ela promete várias dezenas de milhões para a comunidade caso eles deem um fim a um amor de sua juventude, que também provocou uma desgraça em sua vida, Draaman (Diouf), ao difama-la injustamente perante à comunidade, o que a fez partir. Aos poucos, a comunidade, inicialmente reticente a proposta de Drameh, por considerá-la injusta, cede aos encantos das facilidades de consumo que são trazidas com ela, como os automóveis e eletrodomésticos e muda de opinião, sacrificando Draaman.

Se a história em si segue surpreendentemente a da peça e igualmente sua adaptação anterior e mais famosa (A Visita da Velha Senhora), sobretudo quando se sabe que o cineasta sempre foi mais associado com uma linha de cinema mais próxima do ensaio (Badou Boy), talvez não se possa dizer o mesmo do que transcende a questão da ambientação africana e diz respeito ao próprio enquadramento por vezes excêntrico das imagens, a partir de soluções aparentemente triviais mais visualmente desconcertantes, como o ângulo inusitado que surpreende uma ação na prefeitura. De toda forma, mesmo que se siga todas as peripécias da trama original, elas aqui são observadas sobretudo a partir da perspectiva de um personagem masculino que sofre a ação e não da feminina que a pratica tal como no filme de Wicki, atenuando justamente uma das reflexões mais interessantes que aquele trazia. Por outro lado, aqui a dimensão comunitária ganha maior peso que naquele, dispostas eventualmente em tableux, efetivando sua função de coro. Uma dimensão mítica se associa fortemente a solução final encontrada, onde não existe a intervenção última da velha senhora em prol de seu antigo amante (sendo mais fiel a obra de Dürrenmatt, a quem o filme é dedicado e que havia falecido apenas dois anos do lançamento do filme?), tanto no campo das imagens, com  a presença do mar quanto dos sons. Sua morte, tampouco é elaborada através de critérios realistas. Mambéty faz uso da peça de Dürrenmatt para seus próprios propósitos, traçando uma metáfora do capitalismo predatório ocidental se sobrepondo a cultura comunitária africana. ADR Prod./Thelma A.G. 110 minutos.


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