Filme do Dia: Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano (2010), Beatriz Seigner
Bollywood Dream – O
Sonho Bollywoodiano (Brasil, 2010). Direção e Rot. Original: Beatriz Seigner.
Fotografia: Renata Maria. Música: Lorena Lobato & R. Rhagavendra.
Figurinos: Beatriz Pieratti. Com: Paula Braun, Nataly Cabanas, Lorena Lobato,
Mohana Krishna, Nithin Nair, Parmeshwaran, Bhávana Rya, Geetha Satish.
Três amigas brasileiras vão tentar a sorte na Índia como atrizes. Logo ao
chegarem descobrem que o contato que haviam feito no Brasil se mudou para
Mombay. Elas se tornam amigas de um
garoto que as orienta para sessões de dança no estilo do cinema indiano, mas
seu treino com afinco não é suficiente para que uma delas destoe do grupo e perca
a chance, provocando uma crise e discussão entre o grupo. Partem de trem sem
saberem ao certo se estão se dirigindo ou não para Mombay. Quando lá chegam,
apenas uma delas decide fazer o teste.
Talvez o que mais resista de interessante nesse filme de estréia da
também atriz Seigner (Linha de Passe) seja a sua mescla entre ficção e
documentário, ou melhor, a sua frágil tentativa de imposição de um precário
universo diegético a partir de um roteiro praticamente inexistente, de pouca ou
nenhuma explicação prévia sobre suas protagonistas (um ponto positivo, diga-se
de passagem) em uma realidade por demais presente para ser sequer maculada pela
inconsistência ficcional. Em termos visuais, o filme tampouco faz qualquer
esforço para se aproximar de códigos mais próximos da ficção, praticamente não
exercendo uma decupagem, descuidando por completo da iluminação, chegando a
apresentar variações de luminosidade de uma mesma cena francamente amadoras,
assim como inflexões dramáticas irregulares e por vezes inconvincentes. Porém,
tais opções bem poderiam ser positivadas caso o filme conseguisse de fato
engrenar o que pretende. De fato, o que sufoca a tentativa buscada pelo filme é
que ele se torna inócuo tanto enquanto exercício ficcional, dado o fato de se
prender somente na imediatez do momento e, nesse, não conseguir articular qualquer
conflito digno de interesse quanto tampouco conseguir entabular nada mais
consistente no limite de seu contato com o universo documental (para efeitos
comparativos, talvez perversos, basta se tentar uma comparação com estratégias
semelhantes de transbordamento do universo ficcional para o mundo histórico em Iracema, uma Transa Amazônica). Restam alguns poucos momentos isolados de reflexão,
como quando uma das personagens afirma que ela acredita que o que deve unir os
povos é o seu sofrimento e não a alegria, já que o que faria um americano feliz
seria bem diferente do mesmo para um indiano. Ou ainda a espontaneidade com que
as atrizes se entregam aos ensaios de dança.
É pouco, ou mesmo muito pouco e o seu final truncado, que procura
improvisar um desenlace a partir de uma desgastada inserção de uma referência
ao roteiro que viria a se tornar o próprio filme, é apenas mais uma prova
aparente de que sua errância auto-condescedente não conseguiu sustentar a
difícil imbricação entre ficção e realidade por mais tempo. Cinepro/Miriade
Filmes/Rattapallax. 83 minutos.
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