Filme do Dia: Cruéis Jogos Infantis (1963), Frank Perry


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Cruéis Jogos Infantis (Ladybug,Ladybug, EUA, 1963). Direção: Frank Perry. Rot. Original: Eleanor Perry, sob o argumento de Lois Dickert. Fotografia: Leonard Hirschfield. Música: Bob Cobert. Montagem: Armond Lebowitz. Dir. de arte: Albert Brenner. Figurinos: Anna Hill Johnstone. Com: Jane Connell, William Daniels, James Frawley, Richard Hamilton, Kathryn Hays, Jane Hoffman, Elena Karan, Judith Lowry, Christopher Howard
        Em uma manhã como outra qualquer em uma escola americana situada no campo, o disparo acidental de um alarme nuclear provoca reações emocionais intensas. O diretor da escola, Sr, Calkins (Daniells), não conseguindo obter qualquer informação segura de que se trata ou não de um erro, decide enviar todas as crianças para suas casas. Um grupo, por morar relativamente perto, segue à pé a professora Hayworth (Hoffman). Aos poucos, cada criança vai seguindo a trilha de suas residências. A Sra. Hayworth quase em estado de choque consegue uma carona de um caminhoneiro que não entende o motivo de seu nervosismo. Um grupo de crianças é trancafiado em um porão de uma das meninas da escola, Jill (Higgins), que passa a agir ditatorialmente com todos. O mal entendido é desfeito na escola, porém as crianças continuam sem sabe-lo. Uma delas, que não encontra a mãe em casa, vai até o abrigo das crianças e Jill não permite que entre, por conta da super-lotação. Steve (Howard), parte então a procura da amiga rejeitada, que se esconde em um freezer abandonado. Steve, por sua vez, percebe um avião que misteriosamente se aproxima...
      Explorando a paranoia americana com relação ao então recente episódio da Baía dos Porcos, auge da Guerra Fria, sob a forma de uma narrativa que busca criar uma atmosfera surreal e alucinatória, digna de um filme de horror, para o qual colabora a sua sinistra trilha sonora, o filme consegue um resultado pavorosamente amadorístico e provocador de boas doses de humor involuntário. Boa parte desse humor se deve à péssima direção de atores e diálogos completamente estapafúrdios, como o da avó que decide “fazer o jogo” de seu neto e ir com ele ao porão, da professora que permanece catatônica na escola ou da Sra. Hayworth agindo como uma perfeita idiota em seu trauma nervoso. A inexistência de noções básicas de dramaturgia faz com que boa parte do início da narrativa seja a respeito de uma confusão que um aluno fez na sala e que não possui nenhuma função no desenrolar da história – pelo contrário, tal personagem logo desaparecerá de cena. O final, com a imagem fixa de Steve aterrorizado que vai se tornando cada vez mais abstrata, vem coroar a pretensão do cineasta de tentar realizar uma metáfora dos conflitos, paranoias e solidariedades do mundo adulto através dos jogos de poder (que dão vazão ao inadequado título em português) entre crianças. Sua estupenda fotografia em p&b é testemunho de um dos períodos do cinema americano em que esse gênero específico de fotografia foi mais elaborado. A paranoia americana e suas risíveis peças de propaganda exibidas nas escolas podem ser apreciadas na compilação Café Atômico. Francis Productions/Frank Perry Films para United Artists. 82 minutos.


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