Filme do Dia: Doces Poderes (1996), Lúcia Murat


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Doces Poderes (Brasil, 1996). Direção e Rot. Original: Lúcia Murat. Fotografia: Antônio Luiz Mendes. Música: Sacha Amback. Montagem: César Migliorin & Vera Freire. Dir. de arte e Cenografia: Sérgio Menezes. Figurinos: Inês Salgado. Com: Marisa Orth, Antônio Fagundes, Tuca Andrada, Sérgio Mamberti, Luiz Melo, Otávio Augusto, Luiz Antônio Pilar,  José de Abreu, Jonas Bloch, Stepan Nercessian, Chico Diaz, Cláudia Lira.

         Assumindo a sucursal em Brasília da rede de televisão de maior impacto nacional,  Beatriz  (Orth), recebe de imediato além das boas vindas do amigo Bob (Mamberti), a afirmação de que não sairia de mãos limpas, referindo-se a intensidade do processo eleitoral na disputa para o cargo de governador. De um lado há o candidato conservador, que defende os grandes proprietários e os valores da moral familiar, Ronaldo Cavalcante (Abreu). De outro, o candidato Luizinho Vargas (Pilar) que possui uma plataforma progressista e é negro. Inicialmente vencendo a campanha com margem segura de votos, a equipe de Cavalcante se assusta com a vertiginosa subida do adversário. Quando se encontram praticamente empatados nas preferências eleitorais, ocorre uma manifestação de partidários de Vargas   próximo a um comício de Cavalcante, que resulta em violência.    Uma  ex-amante do deputado  Chico Silva  (Fagundes), braço direito da campanha de  Vargas , ameniza a situação e é pressionada por ambas as partes que sentiram-se insatisfeitas com o resultado. A situação de  Vargas   fica complicada, quando são divulgadas as fotos de encontros secretos que mantinha com a apresentadora de televisão Tatiana (Lira), subordinada de  Beatriz . A gota d´água ocorre quando ela é pressionada a dar mais atenção ao candidato conservador no noticiário que cobriu o debate entre os dois candidatos e decide sair da empresa.  Beatriz denuncia o fato à imprensa, sem maior impacto e além de se encontrar sem emprego tornar-se-á vítima do mesmo fotógrafo que flagrou Tatiana e  Vargas.

                Utilizando-se de elementos semelhantes a seu filme anterior, Que Bom Te Ver Viva, como a mescla entre uma estética documental e ficcional (embora, aqui ambas sejam mesmo ficcionais) a serviço de um conteúdo que remete a história e a política do país, sobretudo a campanha eleitoral para a presidência de 1989, utilizando-se novamente de boa parte de material em vídeo para ilustrar as campanhas políticas e a cobertura jornalística, o filme esbarra nos limites de seu competente realismo. Poder-se-ia até projeta-lo como uma antecipação do que a própria teledramaturgia brasileira poderia desenvolver em alguns anos, em alguma ocasional minissérie de maiores pretensões. Porém, enquanto obra cinematográfica torna-se presa dos mecanismos de reprodução dos (inevitavelmente torpes) bastidores políticos e midiáticos sem reflexões maiores do que as crônicas políticas já apresentaram e uma estética um tanto quanto empobrecida. A subtrama que apresenta a vida amorosa da protagonista, entre uma paixão ainda latente pelo deputado e algumas noites de amor com o jovem subordinado tampouco é desenvolvida de forma mais profunda. Taiga Filmes e Vídeo/Riofilme. 97 minutos.

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