The Film Handbook#87: Robert Benton



Robert Benton
Nascimento: 29/09/1932, Waxahachie, Texas, EUA
Carreira (como diretor): 1972-

Em anos recentes, Robert Benton tem exibido uma capacidade sutil para manipular as emoções do público através de um uso astuto de temas da ordem do dia. Em seus filmes mais inventivos, de fato, seu ouvido para diálogos engenhosos e naturalistas, assim como sua manipulação hábil dos atores se alia com uma atitude perceptiva, aprofundada e zombeteira em relação ao gênero.

Um ex-jornalista, Benton primeiro escreveu filmes em colaboração com David Newman: Bonnie & Clyde, originalmente destinado a Godard ou Truffaut, proporcionou um grande sucesso para Arthur Penn e o sucesso da dupla com roteiros para Essa Pequena é uma Parada/What's Up, Doc? e Superman. Porém a obra mais impressionante de Benton foi sua própria estreia na direção, Má Companhia/Bad Company>1, lírico e divertido western sobre um grupo de jovens servindo o exército durante a Guerra Civil buscando fama e fortuna no Oeste como vigaristas foras-da-lei. Claramente pretendendo tocar no ponto nevrálgico em uma America em guerra com o Vietnã, a força do filme reside na sutil e anti-romântica destruição dos tradicionais mitos pioneiros: a caminho de um encontro final com a morte, os rapazes se vêem reduzidos a roubar pequenas quantias de crianças, enquanto os "heróis" que encontram nas vazias e empoeiradas pradarias são arruaceiros incompetentes e fanfarrões. Igualmente apaixonada foi a paródia do cinema noir, A Última Investigação/The Late Show>2 com Benton extraindo uma soberba atuação de Art Carney como um velho detetive atormentado pela surdez e coração fraco, e Lily Tomlin como sua excêntrica cliente transformada em assistente. Novamente a sátira é tanto afiada e delicada, mas a traição e violência acabam por se sobrepor ao humor, Benton nunca perdendo de vista o fato que a investigação criminal é perigosa e envelhecer algo doloroso e solitário.

Totalmente impermeável, Kramer x Kramer/Kramer vs Kramer>3 lidou com o espinhoso tópico com luvas de pelica. Dissimulando um núcleo melodramático sob um verniz de interpretações virtuosas e música clássica, além da fotografia irretocável de Nestor Almendros o filme foi, em última instância, pouco mais que um sofisticado filme lacrimoso. Na Calada da Noite/Still of the Night, mesmo que prejudicado por sua implausibilidade, foi mais ambicioso, tentando atualizar o thriller psicoanálitico hitchcockiano, mas o lacrimoso Um Lugar no Coração/Places in the Heart (baseado na luta da bisavó de Benton para preservar sua fazenda, fé e família no Texas durante os anos da Depressão) e o vívido mas irregular thriller cômico Nadine ambos sofreram de uma certa previsibilidade.

A inteligência de Benton surge mais facilmente empregada quando sutilmente a serviço da ridicularização e recusa da mitologia do heroísmo tradicional hollywoodiano. Aplicado a temas que demandem um maior comprometimento emocional, seu cinismo pode ser submerso por uma ênfase espúria no "bom gosto".

Cronologia
Benton admira bastante Joseph L. Mankiewicz, afetuosamente caricaturado em Má Companhia e os realizadores da Nouvelle Vague francesa. Sua melhor obra pode ser relacionada distantemente com a de Altman, produtor de A Última Investigação.

Destaques
1. Má Companhia, EUA, 1972 c/Jeff Bridges, Barry Brown, John Savage

2. A Última Investigação, EUA, 1977 c/Art Carney, Lily Tomlin, Eugene Roche

3. Kramer x Kramer, EUA, 1979 c/Dustin Hoffman, Meryl Streep, Justin Henry

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 21-2.

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