Filme do Dia: Stereo (1969), David Cronenberg

Stereo Poster

Stereo (Canadá, 1969). Direção, Rot. Original, Fotografia e Montagem: David Cronenberg. Com: Ronald Mlodzki, Jack Messinger, Iain Ewing, Clara Mayer, Paul Mulholland, Arlene Mlodzki, Glenn McCauley.
No futuro, a Academia Canadense para a Pesquisa Erótica investiga as teorias parapsicológicas do Dr. Stringfellow. Sete voluntários se prestam aos experimentos. De alguns deles são retiradas a faringe, e demonstram uma maior capacidade de telepatia. Posteriormente, experiências afrodisíacas e com drogas põe em cheque os papéis sexuais estabelecidos e experiências de individualização resultam no suicídio de alguns dos voluntários.
Esse, que é o primeiro longa-metragem do realizador, é mais um exemplo de como a ficção-científica era um dos gêneros utilizados de forma mais provocativa por alguns dos realizadores mais destacados ou promissores do cinema então. O nível de radicalidade da proposta do filme em questão talvez somente tenha se conseguido a custo do próprio Cronemberg ter não apenas produzido o filme mas acumulado todas as funções básicas de uma equipe de produção. O resultado final chama atenção por sua imaculada fotografia em preto e branco e virutuosos travellings aparentemente influenciados por 2001 – Uma Odisséia no Espaço, seus piques de montagem acelerada ocasionais na construção de um anti-drama destituído de som ambiente e diálogos, na qual as experiências com seus voluntários se aproximam ironicamente (através de uma narração “científica” extremamente distanciada) de tudo que se encontrava em discussão no auge da contra-cultura. Em nenhum momento, isso fica mais evidente do que nos desajeitados movimentos de um trio que busca uma tentativa de sexo grupal, após ter suas reservas devidamente desestabilizadas por drogas. Porém, tampouco ficam de fora referências ao misticismo, rebelião política, comunidade alternativa. A ausência de som direto ou pós-sincronizado que não seja o do próprio narrador torna a imagem, em sua maior parte filmada em locações de um complexo modernista que soa futurista ainda mais fria, impessoal e servil a locução.  Evidentemente que tal ousadia tem um preço quase tão elevado quanto o dos próprios voluntários que é o de provocar o cansaço principalmente no espectador que busque qualquer concatenação dramática convencional do que é apresentado e que deve restringir a explicação da maior parte do que acontece à voz over. Cronenberg realizou o filme com apenas 23 anos. Emergent Films para Film Canada Presentations. 65 minutos.


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