Filme do Dia: Mala Noche (1986), Gus Van Sant
Mala Noche (EUA,
1986). Direção: Gus Van Sant. Rot. Adaptado: Gus Van Sant, a partir do conto de
Walt Curtis. Fotografia: John J. Campbell. Música: Creighton
Lindsay. Montagem: Gus Van Sant. Com: Tim Streeter, Doug Cooreyate, Ray Monge,
Nyla McCarthy, Sam Downey, Robert Lee Pitchlynn, Eric Pedersen, Marty
Christiansen.
Walt (Streeter),
que trabalha em um pequeno comércio em Portland, apaixona-se obsessivamente por
um jovem imigrante illegal mexicano, Johnny (Cooereyate), que resiste aos seus
avanços e o trata com desprezo. Roberto Pepper (Monge), um outro mexicano amigo
de Johnny faz sexo algumas vezes com Walt, mas tampouco se envolve
emocionalmente. Os três se divertem no carro de Walt. Certo dia Johnny
desaparece sem deixar rastros. Pepper, que se encontra adoentado e vai para o
apartamento de Walt, é procurado pela polícia e acaba sendo assassinado. Tempos
depois, Walt reencontra Johnny ocasionalmente, porém ele continua tão esquivo e
derrisório a seu respeito quanto antes.
Esse, que é o longa
de estreia do realizador, padece, principalmente quando observado retrospectivamente,
de vários “males” que acometem a um iniciante. Sobretudo, fica-se com a
sensação de uma tentativa de se conseguir captar algo como um determinado
“clima” de um ambiente social específico, como Cassavetes fizera em seu próprio
longa de estreia. Porém, tal pretensão é prejudicada pelas atuações canhestras
– o amadorismo que em determinados realizadores como Pasolini parece se adequar
à perfeição ao conjunto – e pela presença de uma determinada “bossa”
diferenciada na imagem, que tampouco parece sinalizar para algo efetivamente
inovador, como fora o caso de Cassavetes. É difícil, de fato, “embarcar” na
narrativa apresentada. Em grande parte isso se deve aos problemas de
interpretação acima aludidos, principalmente no caso do ator que vivencia seu
protagonista. Fica-se sempre com a impressão, a partir do que Van Sant
sinalizaria no seu longa seguinte, Drugstore
Cowboy, que o filme por um lado não consegue ser diferenciado o suficiente
para ser uma “produção independente” de referência e por outro tampouco
consegue atingir um domínio expressivo mais próximo do convencional e mais bem
conseguido daquele. E, para complicar ainda mais, elementos desnecessários – o
que pode ser atribuído a se tratar de uma adaptação, justificativa não de todo razoável – como o
do assassinato de Pepper se encontram presentes sem efetivamente adicionar nada
de fundamental a situação dada. MK2 Diffusion. 78
minutos.
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