Filme do Dia: O Maestro (1980), de Andrzej Wajda
O
Maestro (Dyrygent, Polônia, 1980). Direção: Andrzej Wajda. Rot.
Original: Andrzej Kijowski. Fotografia: Slawomir Idiziak. Montagem: Halina
Prugar-Ketling. Dir. de arte: Allan Starski. Cenografia: Maria
Osiecka-Kuminek. Figurinos: Wieslaka Starska. Com: John Guielgud, Krystyina
Janda, Andrzej Sewerin, Jan Ciecirski, Maria Seweryn, Jósef Fryzlewicz, Janusz
Gajos, Mary Ann Krasinski.
Jan Lasocki (Guielgud), célebre
maestro polonês radicado há muitos anos nos Estados Unidos, decide retornar para
sua província natal, provocando uma situação de conflito na vida familiar e
profissional do atual maestro local, Adam (Seweryn) e sua esposa Marta (Janda),
violinista. O reconhecimento do valor dos
músicos da orquestra e o incentivo de Lasocki fazem com que a excessiva
exigência de Adam demonstre ainda mais sua própria insegurança. Por outro lado,
o fascínio de Marta por Lasocki, que fora apaixonado e rejeitado pela mãe de
Marta, faz com que Adam entre em profunda crise de ciúmes. Uma apresentação é
organizada pelo regime comunista para homenagear Lasocki, porém a escolha de
músicos de orquestras mais reconhecidas para formarem a orquestra no dia da
apresentação, faz com que Lasocki abandone o teatro, assim como os músicos
tanto da orquestra original como os contratados para a apresentação se sintam
indignados. Lasocki morre sentando na própria fila enorme que é criada para
assistir sua apresentação. Marta, aconselhada pelo pai a abandonar Adam para
seguir uma carreira profissional mais brilhante, decide permanecer com o
marido, não sem antes explicitar tudo o que pensa sobre sua covardia e seu
desamor a profissão e lhe lembrar que devem deixar os problemas de lado pois
resta pouco tempo para Adam se preparar para o concerto que homenageará
Lasocki.
Embora
ocasionalmente canhestro, o que pode se
levar a sensação de um resultado
pretensioso, o filme de Wajda demonstra ser interessante mais pelo drama
de laivos psicanalíticos vivenciados pelos protagonistas (Marta segue os passos
da mãe, ao decidir permanecer com um homem “medíocre” como o pai e não buscar
alguém de extremo talento) que pelo evidente pano de fundo político crítico
quanto ao regime comunista que vivenciava seus momentos finais. Com
interpretações por vezes amadorísticas, uma hedionda dublagem para Gielgud e
uma desnecessária inclusão de elementos melodramáticos (como a morte do maestro
ao final) em um filme de óbvias pretensões autorais e de maior reflexividade, o
filme também apresenta bons momentos, como a intensa seqüência final em que
Marta fala com toda sinceridade ao marido, bastante semelhante a das produções
de Bergman realizadas na década de 1970. Film Polski/Zespol Filmowy “X”. Prêmio
de Melhor Ator no Festival de Berlim para Sewerin. 101 minutos.
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