Filme do Dia: Fúria Sanguinária (1949), Raoul Walsh
Fúria Sanguinária (White Heat, EUA, 1949). Direção: Raoul Walsh. Fotografia: Ivan Goff
& Ben Roberts, sob argumento de Virginia Kellog. Fotografia: Sidney Hickox.
Música: Max Steiner. Montagem: Owen Marks. Dir. de arte: Edward Carrere. Cenografia: Fred M. MacLean. Figurinos: Leah Rhodes.
Com: James Cagney, Virginia Mayo, Edmond O´Brien, Margaret Wycherly, Steve
Cochran, John Archer, Wally Cassell, Fred Clark.
O sanguinário
assaltante Arthur “Cody” Jarrett (Cagney), mentor de um assalto a um trem
postal que resultou em quatro mortes, entrega-se por conta de um assalto menor,
conseguindo um álibi para o dia da ação no trem. No presídio torna-se amigo
de Vic Pardo (O´Brien), codinome do policial infiltrado Fallon, que busca
indícios de seu envolvimento com o crime. Enquanto Cody se encontra preso, sua
mãe (Wycherly), figura de influência única, é assassinada por sua companheira e
ex-prostituta, Verna (Mayo), atual
amante de um dos membros do bando de Cody,
Big Ed (Cochran), temendo que Ed, que tramava a morte de Cody no
presídio, fosse morta por ela. Cody consegue fugir do presídio e participa de
um assalto a uma refinaria que acabará tragicamente.
Filme que faz uso
da figura emblemática de Cagney, o ator mais identificado com o personagem de
gangster dos idos da década de 30 para reconstruir, sob um código mais próximo
dos filmes noir, uma figura de
criminoso bastante evocativa do célebre gangster de Scarface, a Vergonha de uma Nação (1932), de Hawks. Assim, apesar
de sua truculência e psicopatia (de evidente viés naturalista, sendo seus
distúrbios “mentais” herdados de um pai que findou seus dias no hospício) do
protagonista, aqui igualmente existe uma obsessão pela mãe (enquanto no filme
de Hawks se tratava da irmã). Tampouco se deve esquecer o lema que a mãe
inculcara no filho, de que ele conquistaria “o topo do mundo”, com uma sentença
semelhante e igualmente ironizada, ainda que de modo visual, ao final do filme
de Hawks. E ainda a misoginia habitual ao gênero, que
acompanha seja a construção de mau caratismo e ausência de qualquer principio
de fidelidade por parte de Virna quanto a cena em que Cody simplesmente a
derruba literalmente de seu pedestal A
maior tensão do filme transcorre justamente na crescente amizade entre
Pardo/Fallon e o inicialmente arisco Cody, cuja resistência será vencida a
partir de uma artimanha tipicamente característica do psicologismo primário de
produções da época: substituindo o papel de alicerce emotivo representado pela
mãe de Cody. National Film Registry em 2003. Warner Bros. 114 minutos.
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