Filme do Dia: Filhos da Esperança (2006), Alfonso Cuarón
Filhos da Esperança (Children of Men, Reino Unido/EUA, 2006). Direção: Alfonso Cuarón. Rot. Adaptado: Alfonso Cuarón,
Timothy J. Saxton, David Arata, Mark Fergus, Hawk Ostby, baseado no romance
homônimo de P.D. James. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Música: John Tavener.
Montagem: Alfonso Cuarón & Alex Rodriguez. Dir. de arte: Jim Kay, Geoffrey Kirkland, Ray Chan, Paul Inglis, Stuart
Rose & Mike Stallion. Cenografia: Jennifer Williams. Figurinos: Jany
Temime. Com: Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Claire-Hope Ashitey,
Pam Ferris, Chiwetel Ejiofor, Peter Mullan, Charlie Hunnan, Oana Pellea.
Na Londres de 2027,
chocada com a morte do mais novo habitante do planeta, de 18 anos, devida a
esterilidade total em que se encontram os seres humanos, Theo Faron (Owen) volta
a se envolver com sua ex-esposa, Julian (Moore), terrorista de uma organização
secreta que pretende fazer com que Kee (Ashitey) chegue segura ao seu destino.
Julian é assassinada. Permanecendo numa fazenda dominada pelos terroristas,
Theo descobre que Kee se encontra grávida, que eles pretendem mata-lo e que
Julian foi morta pelo próprio grupo terrorista, conseguindo fugir com Kee e sua
protetora, Miriam (Ferris), também membro da organização terrorista para a
fazenda de Jasper Palmer (Caine). O grupo terrorista logo os descobre. Na fuga,
Theo testemunha o assassinato de Palmer. Na dura travessia até chegar ao barco
que os levará para um projeto de pesquisas biológicas que pretende voltar a
tornar fértil a humanidade, Miriam é capturada pela polícia no Campo de
Prisioneiros de Bexhill, Kee possui seu bebê nas piores condições de higiene,
na pensão de Maricka (Pellea), que se torna aliada do grupo, eles conseguem
atravessar uma situação de guerra com intensos bombardeios e Theo morre dos
ferimentos que teve em meio ao combate.
Distopia pouco
preocupada com efeitos especiais ou visual futurista, que muito se beneficia de
locações e cenários sujos e opressivos, para representar um mundo caótico,
suicida e destituído de esperanças. Ainda que exista, sem dúvida, uma menção
politicamente correta no fato do “milagre” de uma nova mãe acontecer,
ironicamente, em uma negra refugiada ilegalmente, o filme evidentemente não poupa os terroristas. Esses, por motivos
cegamente ideológicos que não chegam a ficar bem claros, arriscam a preciosa
vida do bebê em sua bandeira de luta. Em certo momento, quando pretende
retratar o peso que representa uma nova e inesperada vida, toda a batalha com
dezenas de soldados cessa para que Theo, Kee o e bebê possam se deslocar em
segurança, ainda que sob o peso do inverossímil – como, num mundo em que um
recém-nascido se torna a coisa mais preciosa de todas, todo um regimento do
exército deixe que esse se afaste sem maiores explicações ou sem tomar partido
da situação? Destaque para a notável
interpretação de Caine vivendo o velho hippie e, como boa parte das ficções
futuristas, o filme se apodera igualmente de uma certa perspectiva retrô,
presente seja em certos veículos semelhantes a riquixás em Londres, na direção
de arte como um todo ou na trilha musical, composta de temas de, entre outros,
King Crimson, John Lennon e Rolling Stones. Cuarón (diretor mexicano de E Sua Mãe Também) chegou a alguns
limites de ousadia que uma produção dessa envergadura pode se dar, como o fato
do trio mais célebre do elenco morrer (sendo a morte mais chocante e inesperada
a do personagem vivido por Julianne Moore, ainda em estágio bem pouco avançado
da trama) e deixar um final, sob certo ângulo, bastante ambíguo. Universal Pictures/Strike Ent./Hit&Run
Prod./Quietus Prod. para Universal. 109 minutos.
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