Filme do Dia: Uma Noite no Rio (1941), de Irving Cummings
Uma
Noite no Rio (That Night in Rio, EUA, 1941). Direção: Irving
Cummings. Rot. Adaptado: Jessie Ernst, George Seaton, Bess Meredyth & Hal
Long, baseado na peça The Red Cat, de
Rudolph Lothar & Hans Adler. Fotografia: Ray Rennahan & Leon Shamroy.
Música: Mark Gordon & Harry Warren. Montagem: Walter Thompson. Dir. de
arte: Richard Day & Joseph C. Wright. Cenografia: Thomas Little. Figurinos:
Travis Banton. Com: Alice Faye, Don Ameche, Carmen Miranda, S.Z. Zakall, J.
Caroll Naish, Curt Bois, Leonid Kinsey, Bando da Lua.
O Barão Manuel Duarte (Ameche) encontra em um teatro de
revistas um ator que o personifica tão bem, Larry Martin (Ameche), que seus
assessores recorrem a Martin para personificar o desaparecido barão quando um
importante investidor, Machado (Naish), passa a desconfiar de que os negócios
do barão não vão tão bem assim. Irritada com as constantes traições de Larry,
Carmen (Miranda), sua noiva, decide ir visitar o Barão, cuja esposa, Cecilia
(Faye), finge não saber que se trata de um impostor e pretende tirar proveito
da situação.
Essa tola comédia escapista, cujo conteúdo mais
explicitamente voltado para a política de boa vizinhança se torna evidente na
letra de um dos primeiros números musicais cantados por Ameche, foi o segundo
filme de Carmen Miranda em Hollywood e já prenuncia a tônica da imagem que
ficará associada a sua persona cinematográfica nos anos seguintes. Dispensando
qualquer tentativa de reprodução do cenário estrangeiro através de matte shots tal como outros filmes da época (a exemplo do
Rio que se torna cenário para Interlúdio,
de Hitchcock ou da Buenos Aires do primeiro filme com Miranda, Serenata Tropical), a alusão aos
motivos brasileiros são tão fakes
quanto os cenários do número musical que abre o filme ou a personagem do barão
brasileiro que não fala uma única palavra de português. Seus números musicais
canhestros e sua cenografia kitsch,
pretendendo capitalizar em cima de um erotismo exótico associado ao
universo tropical latino representado em carne-e-osso por Carmen nem por isso
sufocam alguns momentos hilários, como o primeiro no qual os assessores do
Barão desfiam as piores previsões e comentários possíveis sorrindo falsamente
para o desconfiado Machado na Bolsa de Valores. Ou, em menor medida, o sutil
nonsense do momento em que um desses lê a carta do Barão e o que Carmen, com
sua malícia bem típica, afirma que ficará de olho para que seu noivo dance à
distância da Baronesa. Faye, de belos olhos azuis e contraponto anglo-saxão
para Miranda, teria carreira meteórica nas telas, tal como a própria Miranda,
sendo sua fama de cantora rapidamente ofuscada pela de Betty Grable. Destaque
para o carismático Don Ameche vivendo o duplo papel que seria de Danny Kaye em
nova versão de dez anos após dirigida por Walter Lang. Existe igualmente uma
adaptação francesa de 1936 com Maurice Chevalier como protagonista. Na trilha
musical um dos hits de Carmen, Chica
Chica Boom Chic, embora a canção mais interessante seja Boa Noite que, ao assumir de forma mais
explícita o seu perfil mais próximo da canção romântica hollywoodiana soa menos
deslocada que a tentativa heroica de Miranda de prosseguir com sua carreira
como cantora de músicas brasileiras, cantnado aqui Cai Cai. Nos créditos finais o Bando da Lua, habitual acompanhante
de Carmen, surge como “Banda da Lua”. 20th Century-Fox. 91 minutos.
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