Filme do Dia: 68 Não Para (2008), Fred Nigelmann
68
Não Para (68 Non-Stop, França, 2008). Direção: Fred Nigelmann. Rot. Original: Jean-Marc Cazenave
& Marie-Anne Sorba. Fotografia: Jean-Marc Cazenave. Música: Mehni Amazouz,
Eric Lavallade & Pascal Bricard. Montagem: Hélène Crouzillat.
Documentário
realizado por Cazenave e Sorba sob pseudônimo. Um dos méritos, talvez aliás o
único, de um documentário que não pretende primar por qualquer qualidade
formal, seja o de focar sobretudo no aspecto diretamente político de questões
levantadas pelo Maio de 68. Com depoimentos de participantes do movimento e
novas lideranças, além de algumas imagens de arquivo, o documentário não
pretende ser uma reconstituição didática ou multifacetada do evento nem
tampouco aprofunda questões relevantes que assomam como as fissuras internas do
movimento entre intelectuais-estudantes de um lado e trabalhadores do outro. Há
um tom visivelmente panfletário que, juntamente com sua estruturação um tanto
quanto tosca menos o prejudicam do que apontam para uma perspectiva completamente distinta do
documentarismo contemporâneo. A dispersão, no entanto, é sua maior rival e além
de um tempo desnecessário, ocorre uma tendência a se deter sobre eventos que
ocorreram posteriormente na França como ecos de 68 que acabam ganhando tanto ou
mais destaque que o próprio evento – à guisa menos provavelmente de ser uma
historiografia do evento e sim de pensá-lo como uma proposta válida para
qualquer momento histórico, dependendo da motivação da sociedade; motivação que
aliás faria muito maior sentido nos dias de hoje, é o que argumenta o filme,já
que existem 12 milhões de franceses abaixo da linha de pobreza, algo de
dimensão muito mais ampla que quarenta anos atrás. Até mesmo o mérito do foco
nas questões políticas de 68, ressaltado pelos próprios realizadores em debates
e entrevistas à época de seu lançamento, parece ser parcialmente contradito
quando o documentário se detém nos
avanços sociais igualmente associados a 68 como os movimentos feminista e
homossexual. Há ainda fragmentos de um monólogo – Outubro – teatral, que vez por outra surgem, aumentando ainda mais
o senso de precariedade que não é de
todo mal como já indicado. 56 minutos.
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