Filme do Dia: Kabloonak (1994), Claude Massot
Kabloonak (Kabloonak,
Canadá, 1994) Direção: Claude Massot. Rot.Original: Claude
Massot &Sebastian Regnier. Fotografia: Jacques Loiseleux
& François Protat. Música: Sebastian Regnier. Montagem: Joëlle Hache. Com:
Charles Dance, Adamie Quasiak Inukpuk, Seporah Q. Ungalaq, Bernard Bloch, Natar
Ungalaq, Peter Hudson, Matthew Saviakjuk-jaw, Georges Claisse, Nikolai Aipin
Grigorievitch, Lyla Kootoo.
Nova York. Flaherty (Dance) se encontra deprimido em um
bar, após recusar um pedido da Paramount para continuar sua saga de
esquimós. Passa a relembrar sua viagem
ao Alasca. É recepcionado na aldeia esquimó onde passará os meses seguintes.
Procura se inteirar sobre quem seria o caçador mais corajoso do grupo, para
filmá-lo em ação. Encontra-o na figura de Nanook (Inukpuk), que acaba de chegar
trazendo caça e é festejado por toda a comunidade. Logo, o cineasta combina seguir a caçada que Nanook empreenderá
com seus companheiros Aviuk (Saviakjuk-jaw) e Mukpullu (Ungalaq), embora tenha
sido avisado que não é uma viagem para kabloonaks (estrangeiros). Após uma
sofrida incursão pelo frio, onde espera dias em um iglu a ponto de congelar,
enquanto os esquimós partem para a caça, Flaherty recepciona emocionado a volta
de Nanook, enquanto seus companheiros abandonaram a jornada. Nanook cai em uma
geleira e é salvo por Flaherty. Após se recuperar, continuam a perseguir um
urso e se dirigem até o oceano. Nanook volta imediatamente até o iglu porque
compreendera a estratégia do urso. Ao lá chegarem, encontram o iglu quebrado e
um cachorro da matilha morto. Triste, Nanook retorna com Flaherty (não menos
triste já que o filme congelou e inviabilizou que ele fizesse tomadas da
viagem) ao acampamento. No percurso, por pouco Flaherty não sucumbe ao frio. Ao
retornarem, um dia Flaherty sabe que Nanook partiu para uma nova caçada sem lhe
avisar. Indignado, é acalmado por
Wisconsin (Claisse) e muda de planos quanto a procurar Nanook por Nyla
(Ungalaq), que o leva até o “pequeno iglu”, onde acabam por fazer amor. Quando
Flaherty acorda Nanook está de volta com o urso morto. Como não encontra
condições ideais na cultura esquimó para que suas filmagens ocorram com a
iluminação adequada, Flaherty toma algumas “licenças poéticas” como construir
um iglu maior que o naturalmente construído pelos esquimós para que a filmadora
possa caber dentro dele - que rui - e um iglu que é parcialmente descoberto,
permitindo a possibilidade de filmagens de um grupo de esquimós “se preparando
para dormir”. Ou ainda Nanook lutando contra um urso com uma corda - na verdade
um grupo de mulheres segura a corda do outro lado. Certo dia, no entanto, toda
a comunidade se desloca, antes que a filmagem de Flaherty tenha acabado porque
nessa época do ano todos se dirigem para outro local. Profundamente irritado,
Flaherty pede uma orientação de Wisconsin, que afirma não haver previsão de
retorno. Quando Flaherty se encontra em vias de embarcar de volta, Nanook,
Nyla e o restante da comunidade aparece
em canoas para se despedir. Flaherty deprimido, sai do bar em Nova York, com um
telegrama nas mãos, enviado por Wisconsin, dizendo que Nanook morrera de inanição poucos
dias antes, após uma temporada de caça difícil. Flaherty para em frente ao
cinema que exibe seu filme, sucesso no mundo todo, e se despede da figura de
Nanook em um cartaz.
Procurando
tratar, partindo de alguns dados reais, em termos de ficção dramática a jornada
de Robert Flaherty, o pai do documentário cinematográfico, Massot não vai além
de um resultado pífio: narrativa arrastada, sentimentalismo exacerbado e
inverossímil, tratamento grosseiro e pouco aprofundado das relações
etnocêntricas de Flaherty com os esquimós, particularmente na relação entre
Flaherty e Nanook, ou colonizado/colonizador, “primitivo”/”moderno”. Assim se
investe nos tradicionais clichês do gênero, sendo o esquimó mais uma
reencarnação rousseauniana do “bom selvagem” (aliás como o próprio Nanook original), destino que poucos
filmes que lidam com temáticas semelhantes conseguem se esquivar ou elaborarem
com mais dignidade como Zero Kelvin.
Também pouca informação traz de desconhecida sobre a jornada de Flaherty, como
no caso da reconstituição polêmica das cenas de caça e costumes esquimós,
alguns inclusive já abolidos à época da filmagem. Toda a estrutura narrativa do
filme - com seu flashback
tradicionalíssimo que permeia todo o filme até a conclusão - assim como sua
fotografia e interpretações (com um Flaherty/Dance beirando muitas vezes o
ridículo e o piegas) é de um academicismo de pretensões artísticas que se aproxima perigosamente do vulgar. UGC. 103 minutos.
Oi, teria o torrent desse filme?
ResponderExcluirNão. vi esse filme no cinema, acredito. a resenha deve ser da época do lançamento do filme.
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