Filme do Dia: O Velho (1997), Toni Venturi
O Velho (Brasil, 1997). Direção: Toni
Venturi. Rot. Original: Di Moretti. Fotografia: Cleumo Segond. Música: Marcelo
Goldman. Montagem: Cristina Amaral.
Através da inserção do jardim e o
cultivo de rosas – bastante apreciado, aliás, pelo biografado – esse
documentário unifica os cinco períodos em descreve a longa participação pública
de Luís Carlos Prestes no cenário político nacional, além de alguns momentos da
sua intimidade. A Inocência: anos de infância e o aprendizado militar que,
junto com a educação da mãe são, provavelmente, as maiores influências para a
sua rígida disciplina; a Revolta do Forte de Copacabana; a revolta contra
Arthur Bernardes em São Paulo, em 1924; a Coluna Prestes; o exílio na Bolívia
em 1927; contato com o marxismo; a Revolução de 30; o manifesto de Maio e o
rompimento com Vargas. A Coragem: o exílio na URSS, em 1931; a relação com
Olga; a ANL e as revoltas de Natal e Recife; a repressão desencadeada
pós-revolta que culminou na morte ou prisão de quase todos os espiões
comunistas e na deportação de Olga para o campo de concentração; o equívico
assassinato de Elza, mulher de um líder comunista, suspeita de traição; o
surgimento do integralismo; a morte de sua mãe; sua libertação com a anistia,
após 9 anos aprisionado; apoio inesperado a Getúlio Vargas; o breve período de
legalidade do PCB e a eleição maciça de Prestes como senador; a repressão
retorna com a Guerra Fria. A Sombra: o papel de unificador faz com que sejam
deixados de lado seus vários erros, como o manifesto de agosto de 1950; o
suicídio de Vargas; clandestino no próprio partido e a união com sua segunda
mulher, Maria; a desestalinização na URSS. Maturidade: Anos JK; Jânio; Jango.
Pacto informal do governo com o PCB para que esse conquista legalidade mas não
seja incômodo; golpe miltar de 64; depoimento dos filhos sobre o contato
clandestino com o pai; a cisão entre as esquerdas, com o PCB se opondo à luta
armada; novo exílio de Prestes na URSS, em 71. O Resto dos Anos: luta pela
anistia; o convívio familiar na URSS; o retorno ao Brasil; desligamento do PCB.
Seguindo uma estrutura ortodoxa e
didática, o filme conta com extensos depoimentos de Prestes, além de
entrevistas com sua segunda esposa, filhos, Fernando Morais, Ferreira Gullar, Carlos Heitor Cony, William Waack, Werneck Sodré, Jacob Gorender e ex-lideranças
comunistas. Esboça uma dramatização, sobretudo no que se refere a figura de sua
mãe, francamente inócua e apresenta raras imagens de Prestes na intimidade,
seja alimentando uma neta ou presenciando uma animada confraternização familiar
na época do exílio em Moscou. Amparado grandemente na foto fixa, devido talvez
a própria exiguidade de material filmado sobre o que discute, o filme consegue
dar conta da trajetória de Prestes, mesmo que a extensão dessa comprometa o
aprofundamento de muito que trata. Um dos poucos momentos realmente inspirados,
artisticamente falando, é a que une o canto lírico da banda sonora à marcha das tropas do exército que
prenunciam o golpe de 64. No final, detém-se, à guisa de ironia, numa foto em
que Prestes participa de uma comemoração do Partido dos Trabalhadores, tendo
Fernando Henrique Cardoso ao fundo. Ministério da Cultura/TV
Cultura/Funarte/Riofilme. 105 minutos.
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