Filme do Dia: Ettore Fieramosca (1938), Alessandro Blasetti
Ettore Fieramosca (Itália, 1938). Direção: Alessandro
Blasetti. Rot. Adaptado: Alessandro Blasetti, Cesare Ludovici, Augusto Mazzetti
& Vittorio Nino Novarese, baseado no romance de Massimi D’Azeglio.
Fotografia: Mario Albertelli & Václav Vich. Música: Alessandro Cicognini.
Montagem: Alessandro Blasetti & Ignazio Ferronetti. Dir. de arte: Guisseppe
Porcheddu, Ottavio Scotti & Umberto Torri. Cenografia: Mario Vucefich.
Figurinos: Marina Arcangeli & Vittorio Nino Novarese. Com: Gino Cervi,
Mario Ferrari, Elisa Cegani, Osvaldo Valenti, Lamberto Picasso, Corrado Racca,
Clara Calamai, Umberto Sacripante.
1500. O sul da Itália se
encontra dominado por espanhóis. Um exército francês liderado por Graiano
d’Asti (Ferrari) procura dominar a região. Um dos franceses, Guy de la Motte
(Valenti) põe em xeque a bravura dos soldados italianos e é convidado para uma
peleja por Ettore Fieramosca (Cervi), o mais destemido dos combatentes de
sangue italiano, que despertou a paixão pela duquesa de Monreale (Cegani), que
quando da rude abordagem de Fieramosca para se instalar com seus soldados no
castelo da duquesa, sente-se pela primeira vez desejada como mulher.
Blasetti, talvez seja o
cineasta de maior talento a ter seu nome associado com um cinema de propaganda
fascista. E o faz indiretamente já que
habitualmente o que mais lhe agradava eram os dramas históricos. Sem dúvida,
Blasetti possui o tino para a direção de atores (Cervi encarna a perfeição seu
herói, algo que dificilmente se pode dizer de seu herói contemporâneo de Gente dell’Aria) e mesmo a criação de
um ambiente, com seu jogo de luzes nuançado mais que marcadamente
expressionista e seus suaves movimentos de câmera. O resultado final, no
entanto, soa demasiado anódino e resvala, em certos momentos, para o triunfo de
uma dimensão bélica-nacionalista francamente inverossímil, como quando o
herói-título, que nomeia um dos submarinos italianos à época da produção do
filme, decide num arroubo, tão ou mais ousado que Rambo décadas após, enfrentar
todo o exército francês a um só tempo e acaba ferindo ou matando vários antes
de ser detido. O teor bélico e temas históricos envolvendo conquista e
reconquista passaram a ser incentivados sobretudo após a invasão da Etiópia
pela Itália, no ano anterior. Destaque para a nudez, ainda que mais discreta e
talvez menos asséptica que dos filmes alemães contemporâneos, tanto no harém de
mulheres de seios desnudos ou no banho coletivo de homens e crianças no rio que
margeia o castelo. Se nos filmes alemães eles se encontravam destinados a
incentivar o culto a raça ariana, aqui seu papel parece mais convencionalmente
associado a uma certa descrição “naturalista” do momento histórico descrito, filão
que os épicos hollywoodianos do cinema mudo já haviam explorado. O romance já
havia sido adaptado duas vezes anteriormente para o cinema mudo, em 1909 e 1915
respectivamente. Nembo Film para ENIC.
93 minutos.
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