Filme do Dia: Elizabeth: A Era de Ouro (2008), Shekhar Kapur
Elizabeth: A Era de Ouro (Elizabeth: The Golden Age, Inglaterra/França/Alemanha, 2008). Direção:
Shekhar Kapur. Rot. Original: William Nicholson & Michael Hirst.
Fotografia: Remi Adefarasin. Música: Craig Armstrong & A.R. Rahman.
Montagem: Jill Bilcock. Dir. de arte: Guy Dias , David Allday & Frank
Walsh. Cenografia: Richard Roberts. Figurinos: Alexandra Byrne. Com: Cate Blanchett, Clive Owen, Geoffrey Rush, Susan Lynch, Samantha Morton, Jordi
Mollá, Eddie Redmayne, Adam Godley.
A já Madura Elizabeth I (Blanchett) terá que se debater com
problemas de foro íntimo, sua crescente solidão e ausência da figura masculina
desde o amor de juventude, algo que se torna mais evidente quando surge Walter Raleigh (Owen), pirata que andara negociando pelas terras da
América. E também com questões de política externa e interna. Tendo sofrido um
atentado contra sua vida, Elizabeth também se depara com as forças do espanhol
Felipe II da Espanha (Mollá) e com o assassinato de Mary Stuart (Morton),
rainha escocesa, trama de rivais na qual seu conselheiro de longa data, Francis
Walshingham (Rush) aceitou como real. Quando descobre que Annette (Lynch), sua
mais próxima dama de companhia, encontra-se grávida de Raleigh, ela o manda
prender e expulsa Annette da corte. Porém a invasão da armada espanhola faz com
que ela mude de idéia.
Kapur dá continuidade ao seu Elizabeth com resultado ainda menos pródigo. Se no filme anterior sua estrutura ainda apontava para uma relativamente boa apropriação dos
fatos históricos e sua transformação em drama, mesmo que de modo classicamente
convencional, aqui todo o filme parece transpirar nada muito além de direção de
arte, primorosa de fato. Há alguns toques de sensibilidade, como a utilização
de somente um brevíssimo trecho do filme anterior nas recordações de seus
verdes anos e do amor – o trecho em que ela ensaia dança quando seu amado
Robert chega, porém o resultado final permanece por demais burocrático para
soar minimamente envolvente. Principalmente na sua metade inicial continua o
processo de identificação com Elizabeth, sempre espirituosa nos chistes da
corte, que vivencia uma era dourada na exuberância e extravagância dos
costumes, como apresenta determinado trecho de um desfile de moda. O fato da
monarca não ter por fim optado por nenhum homem é um aceno para o público
feminino moderno, mesmo que tampouco o filme deixe de apresentar seus momentos
de fraqueza, sobretudo diante de Raleigh. A câmera que muitas vezes observa as
cenas como que da coxia de um teatro que, se tivessem sido trabalhadas de modo
mais efetivo poderiam propiciar uma sugestão de vigilância e controle exaustivo
sobre a figura da monarca, aqui não são mais que um tique visual na coleção.
O mesmo pode ser dito de seus virtuosos rodopios nas cenas nas quais Elizabeth
se vê em sua intimidade. Motion Picture ZETA Produktion Gesselshaft/Studio
Canal/Working Title Films para
Universal. 114 minutos.
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